Um estudo publicado na revista Communications Earth & Environment afirma que a erupção de um vulcão tropical por volta de 1345 pode ter contribuído para a disseminação da Peste Negra. A explosão teria resfriado o clima e aumentado a umidade no sul da Europa, causando perdas de safra e agravando a crise alimentar na região.
Com a fome se espalhando, cidades italianas passaram a importar grãos do Mar Negro. Os navios garantiram o abastecimento, mas, segundo cientistas, também podem ter transportado pulgas infectadas com a bactéria Yersinia pestis, responsável pela peste.
“Embora seja aceito que a bactéria causadora, Yersinia pestis, tenha se originado em populações de roedores selvagens da Ásia Central e chegado à Europa através da região do Mar Negro, os motivos para o momento, a disseminação e a virulência do início da Peste Negra ainda são debatidos”, comenta o estudo.
Os pesquisadores reuniram registros climáticos, como amostras de árvores, e documentos históricos. A análise concluiu que uma atividade vulcânica desconhecida foi responsável por mudanças climáticas antes da disseminação da doença, considerada um dos maiores desastres humanos.
“Ainda não está claro se a bactéria foi frequentemente reintroduzida na Europa ou se reservatórios naturais da bactéria alguma vez existiram ali. Descobertas recentes sobre a ecologia da peste incluem aspectos da sobrevivência prolongada de pulgas sem hospedeiros humanos e/ou roedores, mas com oportunidades de alimentação em poeira de grãos durante longos transportes de alimentos”, diz outro trecho.
A pesquisa reforça que a pandemia surgiu por uma combinação de fatores naturais e humanos e destaca a importância de compreender a interação entre clima, ambiente e sociedade, para explicar por que a peste se espalhou de forma tão rápida e letal. Para os autores, embora o “alinhamento de condições” tenha sido raro, o estudo mostra que doenças zoonóticas podem surgir de repente.
