Brasil assume Mercosul com foco em acordo com UE

Presidente participa da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul na quinta em Buenos Aires, quando assume a presidência do bloco

Por R7
Foto: Ricardo Stuckert / PR - arquivo

O Brasil assume, nesta semana, a presidência do Mercosul com o desafio de destravar o acordo comercial com a União Europeia. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem à França na primeira semana de junho, disse na presença do presidente francês, Emmanuel Macron, que não deixaria o cargo sem fechar o acordo com o bloco econômico.

Na ocasião, o chefe do Palácio do Planalto pediu para Macron “abrir o coração para a possibilidade de fazer esse acordo com o nosso querido Mercosul”. O francês é um dos principais opositores ao acordo e disse haver uma “discrepância na regulamentação” entre os países da União Europeia e do Mercosul.

“Como vou explicar aos agricultores [franceses] que, no momento em que eu exijo que respeitem as normas, eu abro o mercado para quem não respeita essas normas. Qual vai ser o resultado? O clima não será beneficiado, vamos matar a nossa agricultura. Essa não é a visão do presidente Lula. Temos que aprimorar o acordo, com cláusulas espelho, de salvaguarda”, afirmou Macron.

Presidência do Brasil

Lula participa na quinta-feira (3) da 66ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, em Buenos Aires, na Argentina. O evento, que reúne os líderes dos países membros e associados para discutir temas prioritários do bloco, também marca o encerramento da presidência pro tempore da Argentina e a transferência para o Brasil.

Segundo a secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, embaixadora Gisela Padovan, o Mercosul ocupa papel estratégico na política externa brasileira e na promoção do desenvolvimento regional.

“Temos a expectativa de assinar mesmo o acordo com a União Europeia, que está finalizado, passando por traduções para 27 línguas, e tem de passar pelas instâncias europeias. Vocês todos acompanharam o esforço do presidente Lula, junto ao presidente Emmanuel Macron, recentemente, e ele sempre está trabalhando para que esse acordo importantíssimo seja finalmente concluído”, disse Gisela Padovan.

A embaixadora destacou que a atuação conjunta dos países do Mercosul fortalece a posição e amplia o protagonismo do bloco em negociações internacionais. “O Mercosul também é importante para os nossos países se posicionarem globalmente. Sozinhos, negociações com grandes blocos seriam mais fragilizadas. Juntos somos mais fortes para nos colocarmos globalmente.”

Outras medidas

O Brasil também pretende priorizar o fortalecimento da Tarifa Externa Comum, a incorporação dos setores automotivo e açucareiro ao regime comercial do bloco e o avanço em medidas que consolidem a união aduaneira. Também será discutida a incorporação de novos códigos na Letec (Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum).

Outras duas frentes que devem ganhar destaque durante a presidência brasileira são a cooperação em segurança pública e o fortalecimento dos mecanismos de financiamento de infraestrutura e desenvolvimento regional.

De janeiro a maio de 2025, o intercâmbio entre os países do Mercosul foi de US$ 17,5 bilhões. As exportações brasileiras alcançaram US$ 10,2 bilhões e as importações, US$ 7,2 bilhões, superávit de US$ 3 bilhões. A pauta de importações brasileiras é baseada, em grande parte, em veículos automotores para transporte de mercadorias e de passageiros, trigo e centeio não moídos e energia elétrica.

O Brasil exporta majoritariamente para o Mercosul veículos de passageiros e mercadorias, partes e acessórios desses veículos, demais produtos da indústria de transformação, minério de ferro, entre outros.

O que é o Mercosul?

O bloco econômico foi criado em 1991 para ser um processo de integração regional formado, inicialmente, por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além de países associados. Em 2024, a Bolívia formalizou a entrada como membro pleno do bloco.

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