O professor de Química que realizou uma atividade com agulhas compartilhadas durante uma aula, em uma escola de Laranja da Terra, Noroeste do Espírito Santo, foi ouvido pela polícia nesta quarta-feira (19). O caso ganhou repercussão nacional nesta semana e gerou preocupação por conta dos riscos à saúde em se compartilhar objetos perfurantes.
Segundo nota enviada pela defesa do educador, ele apresentou sua versão dos fatos e que, neste momento, a preocupação dele é pelo “bem-estar dos alunos e da comunidade escolar envolvida na situação”.
“O professor sempre desenvolveu seu trabalho com zelo e ética, buscando sempre o melhor caminho para o aprimoramento educacional de seus alunos, sendo profissional da área há pelo menos 13 anos”, destaca um trecho do documento.
Ainda de acordo com a nota, o experimento realizado com os 44 estudantes não se tratou de realização de exame para identificação do tipo sanguíneo dos alunos, conforme havia sido divulgado pela Secretaria Estadual de Educação (Sedu) no primeiro momento, mas sim de
“visualização de células em microscópio, tendo o professor se cercado de todos os cuidados necessários (de acordo com os materiais que tinha a sua disposição) para evitar qualquer tipo de prejuízo ou risco aos alunos”.
A defesa alega ainda que a participação dos alunos se deu de forma voluntária e que a atividade aconteceu no Laboratório de Ciência da escola.
Alunos tiveram de fazer testes de infecção
Segundo o secretário estadual de Educação, Vitor de Angelo, assim que a pasta soube do ocorrido, afastou o professor e mobilizou a secretaria de saúde para a realização de testes de infecção nos alunos. Todos os testes deram resultado negativo para doenças, porém os exames serão repedidos em 30, 60 e 90 dias.
Os jovens, que têm idades entre 16 e 17 anos, participavam da aula de ‘Práticas Experimentais em Ciências’, quando o professor teria usado a mesma agulha para colher o sangue dos estudantes.
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso segue sob investigação da Delegacia de Polícia (DP) de Laranja da Terra. “A unidade realizará oitivas de todos os envolvidos no caso. Outros detalhes da investigação não serão divulgados, no momento”.
Pais de alunos apreensivos
O compartilhamento de agulhas pode transmitir doenças infecciosas graves, como: HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), Hepatites Virais (Hepatite B, Hepatite C), infecções bacterianas e contaminação cruzada. Por conta do risco, pais dos alunos submetidos aos testes estão apreensivos e revoltados com a situação.
Na última segunda-feira (17), a escola chegou a realizar uma reunião com pais e alunos, com a presença da Secretaria Municipal de Saúde, para esclarecimentos sobre o fato.
Além da investigação na polícia, o caso também foi encaminhado para a corregedoria da Secretaria de Educação.
O nome do professor envolvido e da escola não estão sendo divulgados para que os alunos, menores de idade, não sejam expostos e identificados.