A morte do Papa Francisco, confirmada nesta segunda-feira (21) pelo Vaticano, abre oficialmente o caminho para um novo conclave na Santa Sé — cerimônia de votação que reúne cardeais do mundo inteiro para eleger o novo chefe da Igreja Católica. Entre os poucos brasileiros com direito a voto está o cardeal emérito de Brasília, Dom João Braz de Aviz, que tem uma trajetória marcante dentro e fora do Brasil, incluindo passagem pela Arquidiocese de Vitória, no Espírito Santo.
Veja a lista completa de cardeais brasileiros votantes no conclave no final da página.
Nascido em 1947 na cidade de Mafra (SC), Dom João foi ordenado padre em 1972, em Apucarana (PR). Sua atuação na capital capixaba começou em 1994, quando foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória pelo então Papa João Paulo II.
Até 1998, desenvolveu um trabalho pastoral destacado no Estado, tendo como lema episcopal “Todos sejam um” (Jo 17,21). Foi uma das primeiras missões episcopais em sua extensa trajetória eclesial.
Depois do período de quatro anos em Vitória, Dom João Braz seguiu para o Paraná, onde foi bispo de Ponta Grossa e, posteriormente, arcebispo de Maringá. Em 2004, assumiu a arquidiocese de Brasília, uma das mais importantes do país, permanecendo no cargo até o fim de 2010.
Depois seguiu para o Vaticano, onde ganhou destaque internacional ao ser nomeado pelo Papa Bento XVI, em 2011, como prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica — um dos principais organismos da Cúria Romana.
Cardeal desde 2012, quando recebeu o barrete cardinalício das mãos do Papa Bento XVI, Dom João Braz já participou do conclave de 2013, que resultou na eleição de Francisco. Agora, aos 77 anos, volta a integrar o colégio de cardeais eleitores, um seleto grupo responsável por conduzir uma das decisões mais relevantes para os rumos da Igreja.
A participação de Dom João Braz de Aviz no conclave reforça a presença brasileira nos bastidores das decisões mais importantes da Igreja, com o diferencial de sua vivência em diferentes regiões do país — incluindo o Espírito Santo — e sua atuação estratégica no cenário internacional. Ele é um dos quatro cardeais das Américas entre os 22 com direito a voto nesta eleição.
QUEM SÃO OS BRASILEIROS QUE PODEM ESCOLHER O NOVO PAPA?
Com a morte do Papa Francisco, a Igreja entra em período de luto oficial. O conclave deve ocorrer nos próximos dias, após as cerimônias fúnebres. Enquanto isso, quando o mundo voltará seus olhos para a Capela Sistina, onde a fumaça branca anunciará o novo sucessor de São Pedro — e Dom João estará entre os responsáveis por essa escolha, até mesmo por estar apto a receber votos.
Podem votar e ser votados todos os cardeais com menos de 80 anos de idade. Os cardeais eleitores são obrigados a participar do Conclave e são convocados pelo cardeal mais velho (Decano).
Além de dom João Braz de Aviz, entre os brasileiro aptos para participar do conclave estão outros seis religiosos: o Arcebispo de Salvador, Sérgio da Rocha, de 65 anos. O cardeal também é o Primaz do Brasil, título dado ao religioso que conduz a arquidiocese mais antiga do país; Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos; Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, de 75 anos, e um dos cardeais mais influentes do Brasil; dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos; Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos; e Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
O único cardeal brasileiro que não poderá participar do processo é Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, de 87 anos. Só participam da votação – inclusive recebendo votos – os cardeais com menos de 80 anos.