Wimbledon troca juízes de linha por sistema eletrônico e encerra tradição de 147 anos

Por Agência Estadão

A direção de Wimbledon anunciou nesta quarta-feira que não contará mais com juízes de linha a partir de 2025. Eles serão substituídos por um sistema eletrônico para a marcação das bolinhas, dentro ou fora dos limites da quadra. A decisão vai encerrar uma tradição de 147 anos no torneio mais antigo e badalado do mundo do tênis.

Wimbledon é o terceiro dos quatro Grand Slams a fazer essa mudança na arbitragem. Antes, o Aberto da Austrália e o US Open já contavam com o sistema eletrônico de marcação. A organização de Roland Garros ainda não fez a alteração, mas a expectativa é de que a competição francesa o faça para a edição de 2025.

Isso porque a partir da próxima temporada os torneios da ATP, o circuito masculino, vão passar a contar com o sistema eletrônico no lugar dos juízes de linha. Os torneios de Grand Slam são organizados pela Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês), mas costumam seguir e até inovar nas tendências do circuito.

O Torneio de Wimbledon vai utilizar a tecnologia “Electronic Line Calling” (ECL), ou “chamada eletrônica de linha”, em tradução livre. O sistema reage a uma velocidade de apenas um décimo de segundo após a bola tocar no chão. Além disso, é considerado mais preciso dos que as marcações dos juízes de linha, que atuam posicionados no fundo de quadra e na lateral, exatamente na reta das linhas, para checar se as bolinhas quicaram dentro ou fora dos limites da quadra.

Ao mesmo tempo, eles precisam desviar de eventuais boladas, principalmente nos saques, que superam com facilidade os 200 km/h. São recorrentes os aces que acabam acertando em cheio os juízes. Em outros casos, como o protagonizado por Novak Djokovic, o sérvio acertou uma juíza e acabou sendo desclassificado do US Open, em 2020.

O novo sistema será válido para todos os jogos de Wimbledon, em todas as quadras do All England Club. E valerá também para as partidas do qualifying, disputa que garante as últimas vagas aos tenistas nas chaves principais da competição.

“A decisão de introduzir o ECL em Wimbledon foi tomada após um período significativo de consideração e consulta. Depois de analisar os resultados dos testes realizados no campeonato deste ano, consideramos que a tecnologia é suficientemente robusta e que é o momento certo para dar este passo importante na busca da máxima precisão em nossa arbitragem. Para os jogadores, isso oferecerá as mesmas condições em que jogaram em vários outros eventos do circuito”, disse Sally Bolton, CEO do All England Club.

“Levamos muito a sério nossa responsabilidade de equilibrar tradição e inovação em Wimbledon. Os árbitros de linha desempenham um papel central em nossa configuração de arbitragem no campeonato há muitas décadas e reconhecemos sua valiosa contribuição e agradecemos por seu comprometimento e serviço.”

O sistema eletrônico de marcação para as linhas começou a ser testado no circuito em 2017, no Torneio Next Gen, da ATP, em Milão. O recurso ganhou maior relevância a partir de 2020 em razão da pandemia de covid-19, evitando mais pessoas em quadra, reduzindo o eventual risco de transmissão da doença.

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