Um professor foi preso preventivamente em Vila Velha após ser flagrado por câmeras de monitoramento abusando sexualmente de duas alunas de oito anos dentro de sala de aula. O caso aconteceu no dia 11 de julho, durante uma atividade escolar, e foi denunciado pelos pais de uma das vítimas.
Segundo a polícia, as imagens do circuito interno da escola particular, que tem duas unidades no município, confirmaram os abusos.
De acordo com o delegado adjunto da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Glalber Cypreste Queiroz, o investigado estava em sua primeira experiência profissional em escola com crianças. Segundo a polícia, ele se aproveitava por estar sozinho com as crianças em sala para cometer o crime. Em uma das imagens, ele posicionou a cadeira em um ponto cego da câmera e passou a acariciar as partes íntimas das meninas por cima da roupa.
“As imagens mostram momentos extremamente graves, que não condizem com a conduta esperada de um professor. Em determinado trecho, uma das crianças aparece em pé, e ele utiliza as mãos para tocá-la. Em outro, há contato com a boca”, afirmou o delegado.
“Não é abuso, é carinho”, disse o suspeito
Após o boletim de ocorrência ser registrado pelos responsáveis, a polícia instaurou inquérito e representou pela prisão. O professor foi encontrado e detido no momento em que comparecia à escola para assinar a rescisão do contrato. Durante o interrogatório, ele admitiu ter realizado os atos descritos pelas vítimas, mas afirmou que, na sua visão, não houve crime.
“Ele confirmou que os fatos narrados pela criança aconteceram, mas alegou que tocar as partes íntimas dela era uma demonstração de carinho. Para ele, isso não seria abuso. É gravíssimo que alguém com dever de proteção se torne o algoz”, destacou Queiroz.
A delegada adjunta Thais Cruz destacou que abusos contra crianças nem sempre envolvem violência explícita. “Muitas vezes, não há uso de força ou ameaça. É sutil, um toque em região íntima, e isso já caracteriza abuso sexual de vulnerável quando se trata de crianças com menos de 12 anos”, explicou.
Thais também alertou os pais sobre sinais comportamentais. “A criança pode ficar mais agressiva, retraída, trancada no quarto, mexendo no celular ou evitando contato com homens. Os pais precisam observar essas mudanças, conversar com os filhos, ensinar o que é permitido e o que não é.”
A direção da escola foi procurada pelos pais da vítima na segunda-feira seguinte ao crime e, no dia seguinte, compareceu à delegacia. O professor foi desligado logo após a denúncia. Funcionários relataram que já haviam percebido condutas inadequadas do suspeito no trato com as crianças.
A vítima contou que não foi a primeira vez que os abusos aconteciam, mas que tinha medo de falar. Segundo a polícia, esse tipo de silêncio é comum entre vítimas crianças, o que reforça a importância de um ambiente familiar acolhedor e atento. O caso continua sendo investigado pela DPCA.
Segundo o advogado da família de uma das vítimas, Wilian Bulhões, a criança ficou com medo de contar para os pais sobre o abuso e, a princípio, fez o relato para a avó. Foi a avó da criança que contou para a mãe, que fez imediatamente um boletim de ocorrência. A menina está fazendo tratamento psicológico e está sendo assistida por profissionais.