Um papa imigrante: Leão XIV e seu convite à paz (para todos)

Doutor em Filosofia compartilha em texto a importância e relevância histórica do novo papa anunciado nesta quinta, 08 de maio

Por Redação

Por Wands Pessin, em colaboração ao Sim Notícias.

 

Novamente, tem-se um papa de periferia, um pastor do chamado “Novo mundo”. Embora nascido nos Estados Unidos, era bispo no interior do Peru, na nossa América latina, dedicado ao serviço pastoral na região da querida Amazônia.

Seu nome, Leão XIV, logicamente, nos remete ao papa Leão XIII (1878-1903). Um papa que diz tanto de um serviço eclesial teológico, voltado à qualificação da pesquisa e dos estudos, inclusive filosóficos, assim como diz do serviço pastoral-social, voltado à questões do trabalho e da justiça política e econômica.

Sabemos que o papa Leão XIII foi o primeiro a escrever encíclicas que ganharam o nome de Doutrina Social da Igreja, como a “Rerum Novarum” (“Sobre as coisas novas”), que trata da dignidade do trabalho. Além disso, talvez o papa Leão XIII simbolize bem a retomada do diálogo no interior de um processo mais amplo: o da modernização cultural, e que pode ser lido como iniciado pelas ordens mendicantes, no Século XIII.

Leão XIV é agostiniano, uma ordem religiosa mendicante do Século XIII, surgida no mesmo tempo em que apareciam os dominicanos (ordem dos pregadores) e os franciscanos (ordem dos frades menores).

Além disso, os agostinianos passaram por um processo de reforma justamente no tempo em que surgiam os jesuítas, no Século XVI, em resposta ao movimento protestante e o desafio posto pelo colonialismo moderno. Diga-se de passagem que Martinho Lutero era frade agostiniano, como o novo papa, quando publicou suas teses teológicas em 1517.

Antes da formação religiosa, na Universidade de Villanova, na Pensilvânia, Estados Unidos, o novo papa formou-se em Matemática e Filosofia, em 1977.

Dito isso, o papa Leão XIV assume um nome que aponta para uma ampliação retrospectiva do Concílio Vaticano II (1962-1965). O último concílio da Igreja, instituído pelo papa João XXIII, é de um certo modo relacionado materialmente a um período anterior bastante específico, o da Revolução industrial, desde o papa Leão XIII (1878-1903), mantendo-se em continuidade com seu desenvolvimento prático, como feito pelos papas Paulo VI (1963-1978), João Paulo I (1978) e João Paulo II (1978-2005), Bento XVI (2005-2013) e Francisco (2013-2025).

Se o nome Francisco implicou um sinal definitivo do diálogo da Igreja no interior da modernização social, desde o seu início no Século XIII, o que vemos agora é um reforço do aspecto prático da alegria evangélica, nunca separável da justiça social e do bem-viver para todos – sem exceção.

E o que falar do fato de o novo papa, hoje, na sua apresentação pública, dizer que continuaria a benção de Páscoa, apenas iniciada pelo papa Francisco por conta de sua limitação de voz naquele seu último domingo, na Praça São Pedro?

Sua primeira mensagem é de paz, paz, paz! E paz para todos!

Wands Pessin é Doutor em Filosofia pela UERJ

wands.pessin@wpessin.com.br

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