Setor de rochas do ES recebe com alívio isenção de tarifaço

A articulação continua para incluir outras tipificações tarifárias utilizadas na exportação de rochas

Por ES360
Foto: Divulgação

O setor de rochas ornamentais do Brasil recebeu com alívio a confirmação de que sua principal NCM de exportação para os Estados Unidos está isenta da tarifa extra de 40% anunciada recentemente pelo governo norte-americano. A medida, oficializada por decreto do presidente Donald Trump na quarta-feira (30), elevou para 50% o imposto total sobre diversos produtos brasileiros, mas excluiu da lista o item classificado como “Pedra monumental ou para construção, trabalhada, n.e.” (HTSUS 6802.99.00).

A exclusão da principal nomenclatura comercializada representa uma vitória parcial para o setor, que tem nos EUA seu maior mercado, responsável por mais de 56% das exportações. Em julho, antes da definição da isenção, estimava-se que mais de 1.200 contêineres deixariam de ser embarcados, gerando prejuízo superior a US$ 40 milhões.

Embora o segmento comemore a isenção conquistada, a articulação continua para incluir outras tipificações tarifárias utilizadas na exportação de rochas. A Centrorochas, em parceria com o Sindirochas e lideranças empresariais, busca ampliar a proteção a toda a cadeia de produtos brasileiros, lembrando que os Estados Unidos dependem fortemente da importação de rochas.

A minuta de um estudo elaborado pela NAHB, ainda em finalização, aponta que os custos de construção nos EUA poderão subir expressivamente caso a tarifa se mantenha para outros insumos. Segundo os dados preliminares, cerca de 7% dos materiais utilizados em construções novas no país são importados, totalizando mais de US$ 120 bilhões em 2024. Desde a pandemia, o custo médio desses materiais subiu 41,6%, muito acima da inflação.

Evento na Embaixada celebra avanço e mantém pleitos

Para marcar o avanço e reforçar institucionalmente os pleitos do setor, representantes da Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) participam nesta sexta-feira (1º) de um evento oficial na Embaixada do Brasil em Washington. A ação conta com o apoio do Natural Stone Institute (NSI) e incluirá a entrega simbólica de uma carta à National Association of Home Builders (NAHB), destacando os impactos que a tarifa teria sobre toda a cadeia de construção nos EUA.

“O anúncio da isenção da nossa principal NCM traz um importante alívio ao setor, mas seguimos vigilantes”, disse Fábio Cruz, vice-presidente da Centrorochas. “Nossa agenda em Washington está mantida para reforçar institucionalmente o pleito da inclusão de todas as rochas naturais e garantir segurança jurídica e previsibilidade às nossas operações internacionais”.

EUA dependem do Brasil para abastecimento

Hoje, 85% da pedra natural consumida nos EUA é importada, sendo o Brasil o principal fornecedor, com 22,6% do mercado. Os materiais brasileiros são amplamente utilizados em bancadas e revestimentos, e não há produção doméstica suficiente para suprir a demanda. A tarifa pode afetar mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e até 200 mil empregos nos EUA, segundo projeções do setor.

Durante o evento desta sexta-feira, cerca de 20 representantes da indústria brasileira, membros da Embaixada e líderes das entidades americanas parceiras se reúnem para discutir o cenário. Confirmaram presença empresas como Cosentino, Emerstones, Magban, Milanezi Granitos e Santo Antonio, além da Anfacer.

Exportações em alta e articulação internacional

Em 2024, o setor de rochas brasileiras exportou US$ 1,26 bilhão, com alta de 12,7%. Os EUA lideraram as compras, com US$ 710 milhões. No primeiro semestre de 2025, o Brasil bateu recorde ao exportar US$ 426 milhões somente para o mercado americano.

A Centrorochas representa mais de 230 empresas do setor e mantém articulação com entidades internacionais como NSI (EUA), Confindustria Marmomacchine (Itália), Assimagra (Portugal) e IMMIB (Turquia). A entidade reafirma o compromisso com a competitividade, previsibilidade e presença global das rochas naturais brasileiras.

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