Serginho Trombone, um dos instrumentistas mais importantes da MPB que se faz desde os anos 1970, morreu nesta terça-feira, 7, vítima de uma parada cardiorrespiratória. Serginho sentiu em casa fortes dores abdominais e foi levado para o hospital em Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Lá, foi identificada uma obstrução na região abdominal e ele foi submetido a uma cirurgia. O procedimento foi realizado com sucesso, mas o músico acabou sofrendo uma parada cardíaca quando já se recuperava da operação. A informação foi confirmada por sua produção. Ele tinha 70 anos.
O trombone de Serginho esteve em gravações fundamentais de artistas e grupos importantes. Começou praticamente com Dom Salvador e o grupo Abolição, com quem dizia “aprender a tocar de tudo.” Passou anos ao lado de Tim Maia, incluindo a fase mística em que foi obrigado a pintar seu instrumento de amarelo por causa das crenças de Tim. “Tim dizia uma coisa engraçada quando eu fazia arranjos para ele: ‘Coloca no máximo uma sétima, no máximo.’ Ele não queria que nada soasse sofisticado demais”, disse o músico ao Estado, em 2018.
Frejat, do Barão Vermelho, foi um grande amigo, o único que lhe concedeu a dignidade de ter um álbum seu. Ele já havia lançado um em 1992, mas acabou sendo mal produzido. Frejat lançou, em 2018, Tromboneando, com temas próprios. A amizade vinha dos tempos de Barão Vermelho, quando Serginho colocou seu trombone a serviço do grupo. Um dos arranjos que ele mais se orgulhava de ter feito era o de metais que o Barão gravou em 1996 para Vem Quente que Estou Fervendo, original de Erasmo Carlos, de 1967.
Ao lado de Jorge Ben Jor, Serginho também fez gravações clássicas. Em 1990, quando Jorge Ben amargava um sumiço das mídias, a música W/Brasil, com o arranjo todo escrito por ele, o fez explodir como nos bons tempos dos anos 1960. A lista sem fim inclui Gilberto Gil, Rita Lee, Sidney Magal, Luiz Melodia, Alcione, Ed Motta, Antônio Adolfo, Lenine, Sandra de Sá e Lincoln Olivetti, que Serginho morreu considerando seu maior professor.