Restinga de Camburi será a primeira a receber a técnica de mosaico no país

A Praia de Camburi irá receber a técnica de mosaico (canteiros de arranjos florísticos) para reintroduzir a restinga da região. A ação é usada pela primeira vez no Brasil e os arranjos serão formados por diferentes espécies nativas, incluindo floríferas e frutíferas. Elas foram estudadas para garantir autenticidade, diversidade, beleza e vida longa ao ecossistema da praia.

A técnica foi desenvolvida por técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) e foi desenvolvida e estudada de forma a garantir autenticidade, diversidade, beleza e vida longa ao ecossistema da praia.

No trecho entre o píer de Iemanjá e a avenida Adalberto Simão Nader, já foram montados 200 mosaicos, de 28 composições (modelos) diferentes, representando o plantio de 1.300 mudas herbácias, arbustivas e arbóreas, além de milhares de ipomeias (vegetação rasteira) e a reintrodução de cerca de 40 espécies que haviam desaparecido da orla.

Esse trecho compreende a primeira fase do projeto de recuperação e cercamento da restinga, prevista para ser concluída até o final deste mês.

“As mudas, agora, só precisam de irrigação e cuidados para crescerem. As pessoas já estão percebendo a beleza da restinga, mas vai ficar muito mais bonita com o tempo”, explica o engenheiro agrônomo Fernando Pratti, idealizador dos mosaicos e coordenador do projeto.

A técnica do mosaico diferencia-se por evitar que plantas mais vigorosas cresçam e abafem outras espécies, acabem por ocupar toda a área e obstruam a vista para o mar. “A concepção do projeto valoriza a paisagem de Camburi, que é um dos principais cartões-postais de Vitória. As equipes da Semmam levaram em conta vários anos de experiências urbanísticas e ambientais para a criação desse projeto”, disse o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Tarcísio Föeger.

Em toda a orla, serão plantadas cerca de 25 mil mudas, além as ipomeias. A mesma técnica será usada em outras áreas de restinga de Vitória.

Foto: Divulgação/André Sobral

Aterros e singularidades

Segundo o engenheiro, os mosaicos foram criados de acordo com as características singulares de cada trecho da praia. Há espaços em que o solo é mais fraco, outros em que o vento é mais forte e ainda tem as diferentes temperaturas da areia e fatores como a proximidade com o calçadão.

O estudo descartou espécies de arbustos mais altos e fechados, que podem obstruir a iluminação ou passar a sensação de insegurança para os frequentadores da praia.

Além disso, a areia de Camburi é originária de aterros, praticamente sem nutrientes, e atinge altas temperaturas, causando a desidratação e a morte das mudas.

Diante desse desafio, o Viveiro Municipal Reverendo Jaime Wright se dedicou à produção de espécies mais resistentes e o projeto dos mosaicos adotou cobertura de serrapilheira, obtida com a trituração de material originário das podas realizadas na cidade.

“A serrapilheira possibilita a irrigação regular, protege a umidade e a temperatura do solo e ainda atua como adubação”, explica Pratti.

Com esses cuidados, a pega das mudas plantadas tem alcançado quase 100%, um índice recorde também.