Rafaela Silva é desclassificada e perde disputa pelo bronze no retorno aos Jogos Olímpicos

Por Rodrigo Gonçalves

Fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2021, por suspensão por doping, Rafaela Silva podia voltar ao pódio em Paris-2024. Depois de estar próxima da disputa pelo ouro, a brasileira teve a chance de obter a medalha de bronze na categoria até 57 kg, mas foi desclassificada do combate com Haruka Funakubo, do Japão, por “mergulho”. A brasileira já havia perdido para a sul-coreana Huh Mi-mi na semifinal e não conseguiu se recupera na disputa pelo terceiro lugar.

Este foi o terceiro encontro de Funakubo (sexta no ranking mundial) e Rafaela (quarta no ranking), com uma vitória para cada – a mais recente de Rafaela. “A gente se conhece muito. Estou nessa categoria desde 2008. Já lutei muitas vezes contra essas adversárias. A medalha ficou no detalhe. Acabei falhando hoje e fiquei sem a medalha”, afirmou a brasileira, emocionada após a derrota. “Peço desculpas, mas hoje não consegui.”

“A medalha hoje ficou no detalhe. Infelizmente, estou indo embora sem medalha. Qualquer competição para mim é muito importante. Foquei muito na competição individual. Agora única coisa que resta é manter a cabeça forte, tem a disputa por equipes ainda e tentar ajudar”, declarou a atleta.

Desde o início do embate, ainda na entrada das judocas, Rafaela mostrou que “virou a chave” muito rápido após a derrota na semifinal. Se no embate com Mi-mi o erro da brasileira foi se esquivar dos ataques no golden score, Rafaela tentou, desde o primeiro golpe, propor seu ritmo na luta na disputa pelo bronze.

Depois da primeira punição, Rafaela se defendeu bem dos golpes de Funakubo, fechando a guarda no solo e evitando a imobilização. No golden score, a brasileira se viu em um cenário semelhante daquele de mais cedo, na semifinal. Se no começo da luta Rafaela entrou com ímpeto no tatame, no momento decisivo da luta ela não conseguiu aplicar seus ataques e recebeu a segunda punição no embate. Funakubo cresceu nesse momento de queda do ritmo de Rafaela.

Cerca de sete minutos após início do combate, Rafaela aparentou uma lesão no olho. Desse momento, até o fim da luta, a judoca levou a mão a face após cada intervenção do árbitro. Em uma dessas, após revisão de vídeo, foi considerado que Rafaela utilizou a cabeça para derrubar Funakubo, golpe que é proibido no judô – classificado como mergulho. É uma regra que cabe interpretação da comissão.

COMBATE NA SEMIFINAL
No combate de mais cedo, Rafaela e Huh Mi-mi já se enfrentaram cinco vezes, com todos os embates resultando em vitória para a sul-coreana. No primeiro ataque, Huh Mi-mi acertou um wazari, retirado pela arbitragem rapidamente. Já Rafaela buscou colocar o jogo no solo e uma possível imobilização. Nas arquibancadas, a torcida presente fazia barulho a favor da brasileira. A sul-coreana até chegou a “correr” do combate, mas a arbitragem não assinalou o shido.

No golden score, Rafaela chegou a ter duas punições – cenário que já havia tirado a brasileira em Londres-2012. Depois da segunda punição, passou a se proteger mais no combate, sem se arriscar, fato que possibilitou a Huh Mi-mi crescer no tatame, encaixar um Wazari e ganhar o combate. Naquele momento, a judoca já dominava o combate e as ofensivas contra Rafaela.

Na Olimpíada, Rafaela nunca havia sofrido um golpe antes do embate com a sul-coreana. Em Londres-2012, foi desclassificada por ter feito um movimento proibido. No Rio-2016, foi medalhista de ouro. Já em Tóquio, em 2021, não participou, em função do doping.

Mais cedo, o brasileiro Daniel Cargnin foi eliminado logo em sua estreia. O medalhista de bronze em Tóquio, há três anos, foi superado por Akil Gjakova, atleta de 28 anos do Kosovo e 17º colocado no ranking mundial da categoria até 73 kg. Ele desbancou Cargnin ao aplicar dois waza-ari.

O Brasil já soma duas medalhas no judô, modalidade que mais pódios têm na história do esporte olímpico brasileiro. As duas medalhas vieram no domingo com Willian Lima (prata) e Larissa Pimenta (bronze).

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