Primeira escola de fotógrafos cegos do Brasil chega ao ES

O Espírito Santo recebe no mês de setembro o projeto escola de fotógrafos cegos do Brasil, onde os participantes com problemas na visão vão receber aulas de estética contemporânea da fotografia.  O curso terá duração de oito meses, com a apresentação dos trabalhos finais produzidos pelos alunos na exposição “Quando Fecho os Olhos Vejo Mais Perto” no Parque Moscoso em maio de 2023, a exposição.

De acordo com os organizadores, as imagens serão impressas em backlight e fixadas em cubos de grande dimensão. Farão parte da mostra 32 fotos que contam com a curadoria especializada da artista Bárbara Bragato. O Projeto é realizado pela Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil).

“Queremos que esses artistas sejam reconhecidos em praça pública e que possam ser olhados com curiosidade e interesse, por trazerem à tona uma evidência: o olhar é outra coisa”, afirma Rejane.

Rejane Arruda, idealizadora do projeto e presidente da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil), considera que, mais do que aprender a fazer um clique, os cegos participantes vão compreender a liberdade que ela traz. “São 12 cegos contribuindo com a sua experiência fotográfica para as interrogações sobre as relações entre linguagem, imagem, afeto, memória, fantasia e testemunho”, afirmou.

Inspiração

Uma pessoa cega aprender a tirar fotografias não é novidade no Brasil. Um exemplo é o fotógrafo de esportes João Maia, presente duas vezes na cobertura oficial dos jogos paralímpicos. Mas o projeto que começa a ser desenvolvido neste mês de agosto, na Grande Vitória, formará, de uma só vez, 12 novos fotógrafos cegos e é pioneiro no país.

Uma exposição fotográfica realizada por uma pessoa com deficiência visual pode parecer um enorme desafio, mas a Escola de Fotógrafos Cegos foi inspirada em exemplos reais. Bavcar é professor de Estética na Universidade de Sorbonne e já expôs em vários museus pelo mundo.

Já Pete Eckert fez trabalhos para a Volkswagen e a Playboy, além do trabalho autoral que o fez reconhecido internacionalmente com as suas light paintings. No Brasil, o maior nome da fotografia feita por cegos é João Maia, duas vezes fotógrafo oficial das paralimpíadas.

Um “piloto” do projeto foi realizado no ano passado pela SOCA Brasil, quando recebeu o nome de Câmera Obscura, e duas pessoas cegas receberam orientação para tirar fotografias. Os ensaios foram publicados no site da associação.

Seleção finalizada

O processo de seleção começou no início de agosto, com a abertura das inscrições, e as entrevistas com os interessados aconteceram entre 11 e 20 deste mês. Os selecionados participarão das atividades preparatórias a partir do mês de setembro divididos em duas turmas. “Todos os alunos receberão bolsa do projeto. As aulas serão às quintas-feiras e sextas-feiras com o acompanhamento de uma equipe composta por quatro fotógrafos”, afirmou a SOCA.

Realização

O projeto da Escola de Fotógrafos Cegos é fruto do trabalho da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) e da Cia Poéticas da Cena Contemporânea.

As atividades são realizadas com o patrocínio da ES Gás e apoio da União de Cegos D. Pedro II (Unicep), do Instituto Luiz Braille do Espírito Santo e da Secretaria da Cultura do Espírito Santo, por meio da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba.