Com quase 48.000 casos e mais de 3.400 mortes, cada vez se conhece melhor o perfil das pessoas que estão perecendo pela Covid-19 na Espanha. O mais comum: homem, com mais de 80 anos e doenças pré-existentes, sobretudo coronárias, segundo um relatório do Instituto de Saúde Carlos III (ISCIII), que analisou quase 16.000 casos positivos de coronavírus, entre os quais há 566 óbitos. Nele se observa que, embora a doença só afete ligeiramente mais homens (52%) que mulheres, o número de homens que faleceram (376) é quase o dobro do de mulheres (190).
Na falta de estudos clínicos que aprofundem as causas do risco, tudo indica que a principal razão para essa diferença são as doenças pré-existentes. Foi o que explicou na segunda-feira Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências Sanitárias: “A doença afeta mais certos grupos de risco: hipertensos, pessoas com doenças respiratórias ou diabéticos têm maior mortalidade. [Estas doenças] afetam mais os homens que as mulheres, portanto é normal que eles sofram mais letalidade”.
É uma das hipóteses cogitadas também por María del Mar Tomás, porta-voz da Sociedade Espanhola de Doenças Infecciosas e Microbiologia Clínica (SEIMC), para quem também é preciso levar em conta fatores genéticos que ainda não conhecemos. O mesmo argumenta Germán Peces-Barba, vice-presidente da Sociedade Espanhola da Pneumologia e Cirurgia Torácica (Separ): “A letalidade está muito associada à idade e às comorbidades, e na Espanha os homens idosos têm muitas mais”. Alguns pesquisadores também apontam diferenças hormonais e do sistema imunológico que poderiam ter um papel na resposta ao coronavírus, mas são especulações não provadas.