Polícia Federal combate retirada de Pau-Brasil no ES; negócio ilegal renderia R$ 232 milhões

Uma organização criminosa que explorava ilegalmente árvores de Pau-Brasil no norte do Espírito Santo está no alvo de uma operação da Polícia Federal, nesta terça-feira (30). São cumpridos mandados, em conjunto com o Ibama, em cidades como João Neiva, Santa Teresa, Aracruz e Linhares. A operação foi batizada de Ibirapitanga e apura a venda ilegal para o exterior de varetas de Pau-Brasil que são usadas para produzir peças para violinos. Pelo menos 42 mil unidades dessas peças já foram apreendidas, o que representaria a movimentação de R$ 232.884.890,00.

São cumpridos 20 mandados de busca e apreensão expedidos pela 1ª. Vara Federal Criminal de Vitória.

De acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início com outra ação realizada pelo Ibama no âmbito da Operação “DÓ RÉ MI”. Só nesta ocasião foram feitas apreensões de mais de 42 mil varetas feitas de Pau-brasil, além de mais de 150 toretes avaliados em mais de R$ 2 milhões.

O superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, delegado Eugênio Ricas, fez um vídeo falando da operação:

Investigação

“Há fortes indícios que apontam para a atuação de uma organização criminosa estruturada com divisão de funções que envolvem extratores, intermediários, atravessadores, arqueiros e empresas de produção de instrumentos musicais, atuando para beneficiar o Pau-Brasil extraído clandestinamente de Unidades de Conservação Federal, visando a comercialização do produto acabado em formato de arcos de violino/contrabaixo para o exterior, sem qualquer controle das autoridades brasileiras.O arco é o produto final produzido a partir da vareta. No Brasil as varetas são adquiridas por valores que giram entre 20 e 40 reais, ao passo que os arcos podem ser comercializados no exterior por até U$ 2.600,00 (R$ 14.600,00)”, explica a Polícia Federal.

Ibirapitanga

O nome Pau-Brasil, dado a árvore símbolo de nosso país, foi derivado de antigas nomenclaturas dadas pelos europeus colonizadores. Já em tupi-guarani, a árvore era chamada de Ibirapitanga, sendo que “ybirá” é árvore e “pitanga” significa vermelho.

“Em razão da grande quantidade de mandados a serem cumpridos, além dos Policiais Federais lotados na Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente (DELEMAPH), a operação contou com a participação de outro 85 (oitenta e cinco) policiais do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O objetivo das ações de hoje, além do cumprimento das ordens judiciais, é obter novos elementos de provas úteis para desmantelar o grupo criminoso dedicado ao cometimento de Crimes Contra à Flora, Outros Crimes Ambientais e Contra à Administração Ambiental”, explica a polícia.