España explicou que apenas 5,5% da população está acima da linha da pobreza e conseguiu “adaptar” sua renda à inflação e à desvalorização da moeda local, o bolívar.
O especialista fala em “crise de mobilidade” devido às quarentenas aplicadas nos últimos dois anos e à falta de gasolina decorrente do colapso da indústria petrolífera venezuelana, que tem impactado no número de trabalhadores ativos.
Apenas 50% dos venezuelanos em idade produtiva são ativos de acordo com a pesquisa, cerca de 7,6 milhões. As mulheres são as mais afetadas, com apenas 32,9% das trabalhadoras em atividade.
“Por que na Venezuela as pessoas estão saindo do trabalho? (…) Os custos para ir trabalhar começam a ser maiores do que a remuneração que você vai receber”, disse España.
O salário mínimo, complementado por uma gratificação alimentar obrigatória, mal ultrapassa o equivalente a dois dólares mensais. O valor não é mais uma referência no setor privado, onde a renda média gira em torno de US$ 50, segundo pesquisas privadas.
Diante do colapso, 86,5% das famílias recebem ajuda do governo e 20% remessas de parentes no exterior.
No entanto, a pandemia atingiu também estes envios: 11% das famílias que contavam com essa renda em 2020 pararam de recebê-la e 22% sofreram sua redução.
Anitza Freitez, coordenadora do estudo, destacou o impacto da crise na educação.
Dos 11 milhões de pessoas em idade escolar (3 a 24 anos), apenas 65% estão matriculados em centros educacionais de diferentes níveis de ensino, uma queda de 5% em relação a 2020, destacou Freitez.
O percentual entre os potenciais alunos universitários (18-24 anos) mal chega a 17%. Noventa por cento dos que estudam o fizeram remotamente nos últimos meses devido à Covid-19, afetados por falhas em serviços públicos como eletricidade e conexão, e 70% relatam necessidades de melhorias no acesso à internet.
Os responsáveis pela pesquisa entrevistaram cerca de 14.000 famílias na Venezuela entre fevereiro e abril.