Após quase 30 horas de julgamento no Tribunal do Júri de Vitória, quatro réus foram condenados por envolvimento em um dos crimes mais brutais já registrados na Grande Vitória: a “Chacina da Ilha”. A sentença foi proferida na madrugada desta quarta-feira (16), e as penas somam, juntas, 592 anos e 9 meses de prisão em regime fechado.
O caso, que ocorreu em setembro de 2020, na Ilha Doutor Américo (Ilha da Pólvora), no bairro Santo Antônio, chocou a cidade pela crueldade. Quatro pessoas foram executadas e outras duas sobreviveram após serem perseguidas e baleadas.
Os condenados são:
Felipe Domingos Lopes (“Cara de Boi” ou “Boizão”) – 178 anos de prisão;
Victor Bertholini Fernandes (“Vitinho”) – 154 anos e 8 meses;
Werick Sant’Ana dos Santos da Silva (“Mamão”) – 140 anos, 9 meses e 10 dias;
Adriano Emanoel de Oliveira Tavares (“Balinha” ou “Bamba”) – 119 anos, 4 meses e 6 dias.
Além das penas de prisão, os condenados deverão pagar indenização às vítimas: 100 salários mínimos por cada vítima de homicídio consumado e 50 salários mínimos às vítimas sobreviventes.
Crime planejado e brutal
A motivação do crime, segundo o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), foi a rivalidade entre facções criminosas envolvidas no tráfico de drogas. As vítimas foram rendidas, mantidas em cárcere por cerca de meia hora, interrogadas, ameaçadas e filmadas antes da execução.
Durante o crime, quatro pessoas foram assassinadas com disparos de arma de fogo — três delas morreram no local e uma faleceu após ser socorrida. Outras duas conseguiram escapar com vida.
Julgamento intenso
O julgamento começou na manhã de segunda-feira (14) e se estendeu até as 1h da madrugada de quarta (16), após a análise de 202 quesitos pelos jurados. No total, 12 testemunhas foram ouvidas, além dos interrogatórios dos réus e a apresentação de provas pela acusação.
A Promotoria de Justiça Criminal de Vitória, representada pelos promotores Rodrigo Monteiro e Bruno de Oliveira, conduziu o trabalho de acusação. “Crimes dessa natureza jamais ficarão impunes”, afirmou Monteiro. Já Bruno destacou que a sentença é uma resposta firme à barbárie.
Crimes e penas
Os quatro condenados responderam por:
Quatro homicídios triplamente qualificados (motivo torpe, meio cruel e sem chance de defesa);
Duas tentativas de homicídio;
Associação armada para o tráfico de drogas;
Corrupção de menores (em três dos casos).
Os crimes ocorreram durante o estado de calamidade pública da pandemia de Covid-19, “o que agravou ainda mais o impacto da chacina sobre a comunidade e o Estado”, pontuou o MP.