Pedreiro relata abuso da PM após ser confundido com foragido

Trabalhador relatou que foi jogado no chão e ficou detido em uma viatura por 2 horas e só depois foi liberado, pois foi constatado que ele não era o suspeito procurado

Por Redação
Foto: Reprodução TV/SIM SBT

Uma reportagem exclusiva da TV SIM/SBT, exibida no programa Alô Espírito Santo desta quinta-feira (21), revelou a denúncia do pedreiro Robson Luiz dos Santos, que relatou ter sido confundido com um criminoso após ser identificado por câmeras de reconhecimento facial do Terminal de Itaparica, em Vila Velha. Ele contou que a rotina diária de embarque para o trabalho acabou se transformando em uma situação completamente traumática.

Segundo Robson, tudo começou quando ele aguardava na fila pelo ônibus, nesta quarta-feira (20), como faz todos os dias, no mesmo horário e na mesma plataforma. Porém, desta vez, foi identificado por uma câmera de reconhecimento facial, que teria alertado os policiais sobre um suposto mandado de prisão em aberto em nome de outra pessoa.

Em relato detalhado à reportagem, Robson descreveu o momento da abordagem: “Chegaram próximo de mim e me chamaram por Marcelo. Como meu nome não é Marcelo, na primeira vez eu não respondi e aí eles chamaram de novo. Eu estava até de fone de ouvido e falei: ‘Amigo, meu nome é Robson, não sou Marcelo’. Ai eles me pediram pra sair da fila para conversar. Beleza, fui tirar o documento no celular, mostrei a foto minha segurando o documento, dei o celular na mão de um deles para ele verificar, dar zoom, analisar as informações e ver que eu não sou o Marcelo que ele estava procurando”, conta.

“Achei que teria terminado por aí, mas aí ele chegou e pediu pra tirar uma foto do documento. Nisso, eu negando, já estava meio de costas, chegaram uns três policiais do K9 e já falaram pra mim: ‘O que você tá folgando aí?’. Expliquei: ‘Amigo, não tô folgando não, eles estão procurando um Marcelo, eu não sou Marcelo, meu nome é Robson, peguei o documento que está no meu telefone e eles querem tirar foto e a foto do meu documento eu não vou permitir que tirem'”, continuou.

“Só que esses que chegaram depois não quiseram saber se eu era Marcelo ou Robson, já pegaram pela minha perna, me jogaram no chão, e no susto eu me desvencilhei e um policial caiu no chão. Fiquei quieto, o policial me pegou pelas pernas, nem resisti, deixei eles fazerem o que queriam. Me jogaram no chão, me algemaram, colocaram joelho na minha cabeça. Me colocaram na viatura por umas duas horas esperando que alguém desse uma solução. Só acharam que por eu negar tirar a foto do meu documento, eles estavam certos e eu todo errado”, relatou.

Robson contou ainda que teve que assinar documentos que não sabia exatamente o que eram e descrever por escrito toda a situação. Ele relatou que, após o ocorrido, não conseguiu ir trabalhar e ficou marcado pelo constrangimento.

O que diz a Secretaria de Segurança Pública?

Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que, segundo o que foi relatado na ocorrência, policiais militares que fazem parte da operação “Terminal Seguro” foram acionados para abordar e confirmar a identidade de um indivíduo, parecido com um foragido com mandado de prisão em aberto apontado por câmeras de reconhecimento facial.

No momento em que ele foi localizado, os militares solicitaram que ele saísse da fila para se identificar, o que teria sido recusado, segundo o relato feito pelos militares na ocorrência. Além disso, foi relatado que o mesmo também ofereceu “resistência ativa contra os militares”, tentando se desvencilhar da abordagem. “Neste momento, os militares precisaram realizar a imobilização do mesmo e o conduziram até uma viatura para checagem da identificação, quando foi constatado que não havia nenhuma restrição em relação ao detido. Diante da resistência, o indivíduo assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por desacato e desobediência e foi liberado”, diz a nota.

A secretaria disse ainda que “as abordagens relativas ao sistema de reconhecimento facial seguem um protocolo rígido de identificação, sendo que somente o alerta não necessariamente gera a prisão, mas sim a necessidade de uma abordagem para identificação. Somente após a confirmação da identidade é que é dada voz de prisão pelo mandado de prisão”.

“A Sesp informa que, pelo teor do Boletim de Ocorrência, a detenção do indivíduo não decorreu do sistema de reconhecimento facial, mas sim da resistência apresentada pelo indivíduo à abordagem policial. De todo modo, o fato será verificado com rigor e, caso seja identificado algum excesso por parte dos policiais militares, a Corregedoria da PMES adotará as medidas cabíveis”.

* Com informações da TV SIM/SBT

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