A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/ES) deflagrou, na manhã desta terça-feira (14), uma operação contra integrantes de facções criminosas com atuação no Espírito Santo. A ação teve como objetivo interromper comunicações ilegais entre líderes presos e comparsas em liberdade. Entre os alvos da investigação está um advogado.
Coordenada pela Polícia Federal, a operação contou com o apoio da Polícia Penal e de outras forças de segurança. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão, nove de prisão temporária e três de medidas cautelares alternativas à prisão, expedidos pelo Juízo de Garantias de Marechal Floriano.
Segundo a FICCO, quatro mandados de prisão ainda não foram cumpridos, pois os investigados estão foragidos.
Advogado é apontado como elo entre líderes e facções
A investigação teve início após a identificação de um advogado que colaborava com organizações criminosas, mesmo após ter sido suspenso do exercício da profissão por decisão judicial. Ele havia sido alvo da Operação Recado Reverso, deflagrada em julho de 2024, que apurou o repasse de ordens de dentro dos presídios para integrantes em liberdade.
Apesar da proibição, o advogado continuou realizando atendimentos a detentos em presídios. Em junho de 2025, ele foi flagrado em atendimento e encaminhado para lavratura de Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por descumprir decisão judicial, conforme o artigo 359 do Código Penal. Na ocasião, foram apreendidos celulares, manuscritos, carteira da OAB e outros materiais usados na comunicação ilegal.
A análise dos itens apreendidos mostrou que o advogado mantinha contato com pelo menos quatro lideranças criminosas de alta relevância no estado. Ele seria o responsável por transmitir ordens estratégicas e coordenar atividades ilícitas, permitindo que os chefes continuassem comandando operações de dentro dos presídios.
“Sua atuação reiterada — mesmo após a suspensão judicial de suas funções — reforça a importância da operação para a interrupção de canais de comunicação ilícita entre integrantes de organizações criminosas e a consequente desarticulação de sua estrutura hierárquica e financeira”, destaca a PF em nota.
Batizada de “Operação Scriptor”, a ação faz referência ao termo latino scriptor, que significa “escritor” ou “aquele que redige”. O nome remete ao papel desempenhado pelo advogado, que atuava como mensageiro e redator das ordens enviadas por líderes presos a seus subordinados.