Operação contra lavagem de dinheiro desarticula grupo criminoso no ES; mais de R$ 800 mi foram movimentados

Foto: Reprodução/Record News Espírito Santo/RedeSIM

Um grupo criminoso, com atuação interestadual e internacional, foi desarticulado na manhã desta terça-feira (15) pela Operação Piànjú, do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES).

De acordo com o MPES, o grupo criminoso atuava de forma estruturada com a finalidade de praticar diversos crimes, entre eles: organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos públicos e particulares, inserção de dados falsos em sistemas informatizados, falsidade ideológica, estelionato e falsa comunicação de crime.

O delegado João Paulo Pinto, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, disse que as investigações iniciaram a partir de uma ocorrência de roubo de caminhão. “A partir daí, a gente levantou que esses caminhões foram criados por empresas de faixada”, explicou o delegando ressaltando que esses caminhões serviam como patrimônio dessas empresas, facilitando o envio de dinheiro para outros países.

De acordo com o delegado, 4 empresários do Estado são alvos da investigação. Ainda na primeira fase, João Paulo aponta que o dinheiro era enviado por várias empresas que já foram alvo de diversas operações da Polícia Federal. “Agora vamos aprofundar as investigações para saber se esse dinheiro é fruto dessas investigações”, afirmou.

Foram expedidos 126 mandados judiciais, sendo, 18 mandados de prisão preventiva, 5 mandados de prisão temporária, 30 mandados de busca e apreensão, 23 sequestros de embarcações, 43 ordens judiciais de bloqueio de contas bancárias e 2 ordens judiciais de suspensão de atividades econômicas.

Entre as ordens de busca e apreensão encontram-se 12 imóveis, 3 veículos de luxo (Porsche Panamera, Maserati Granturismo S e Mercedes Benz GLA200FF), 12 motos aquáticas e 11 embarcações.

Ocorrendo de forma simultânea nos Estados do Espírito Santo (Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica), São Paulo (Capital, Santos e Jaguariúna), Ceará (Fortaleza) e Alagoas (Maceió), a operação contou com 118 agentes, entre delegados, investigadores e agentes das Polícias Civis de cada estado, além de promotores de Justiça e agentes do Gaeco do Espírito Santo e de São Paulo.

A operação, que teve a participação do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES, foi deflagrada pela Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos – DFRV/DEIC e do Gaeco, com apoio das Polícias Civis de São Paulo, Alagoas e Ceará e da Capitania dos Portos.

A investigação

Durante 2 anos de investigação, a Divisão Especializada de Furtos e Roubos de Veículos comprovou que a célula da organização criminosa investigada, que atuava no Estado do Espírito Santo, composta por dois grandes empresários capixabas, além de diversos outros membros, agia como “prestadora de serviços” de lavagem de capitais para outras organizações criminosas.

Segundo as investigações, a organização possuía, inclusive, ligação com empresas e pessoas investigadas e denunciadas no âmbito de diversas fases da OPERAÇÃO LAVA JATO, da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Justiça Federal, entre elas, a Operação CHORUME, Operação DESCARTE, bem como empresas que já foram investigadas por atuarem com os doleiros Alberto Youssef E Nelma Kodama, todos no âmbito da Força Tarefa da Operação Lava Jato, além de uma empresa investigada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por desvios de mais de R$ 98.000.000,00 em ICMS. A organização criminosa sediada no Estado do Espírito Santo movimentou mais de R$ 800.000.000,00 (oitocentos milhões de reais – valor global).

Foram dados cumprimentos aos mandados de prisão expedidos dos membros responsáveis pelo esquema de lavagem de capitais, que era realizado por meio de empresas de fachada e fictícias, criadas valendo-se de identidades falsas, expedidas pelo Setor de Identificação da própria Policia Civil do Estado do Espírito Santo, onde a organização criminosa se valia da precariedade do sistema atual de emissão de identidades civis e os beneficiários da lavagem, ou seja, os “clientes”, que tinham os valores remetidos para contas de empresas na China e EUA.

Fonte: MPES