O início de qualquer profissão é difícil e a jornada na advocacia não é diferente.

Embora o curso de direito atraia muitos vocacionados e decididos, o bacharelado é também o destino de muitos dos indecisos na tenra idade da escolha profissional, mesmo porquê, não se tem ideia de tudo que se abarca em uma profissão.

Além dessa carga, quando formado há uma gama de profissões aos operadores do direito que tornam a escolha pela advocacia um desafio abnegado, dentre elas, as incertezas de mercado e as financeiras mensais, a autonomia e os novos e inesperados desafios diários, assim é a advocacia.

A questão é que a partir dessa escolha e da carteira vermelha em mãos, o profissional se vê com a necessidade de prestar serviços advocatícios e se engana quem desconfia que o maior desafio seja técnico. Muito embora seja de bom alvitre uma urgente revisão da qualidade das grades e dos cursos oferecidos, o que já vem acontecendo nas melhores faculdades, a verdade é que de uma forma ou de outra (leia-se com muito esforço individual e utilização de recursos de tecnologia) o bacharel aprovado no exame de ordem, logo, apto a advogar, está tecnicamente habilitado para o início da carreira.

O verdadeiro desafio está em se tornar um profissional, que como disse, vai além da técnica. Os questionamentos se iniciam na escolha do ramo do direito para se dedicar, passam pela escolha entre se autônomo ou se associar a um escritório, embolam-se nos pensamentos sobre corrigir os seus pontos fracos ou potencializar as suas virtudes e, por fim, causam desamparo sob a busca do primeiro cliente.

Com o cliente na mesa, vem as dúvidas sobre como se portar, quando interromper o relato (ou se deve interromper), como fazê-lo entender o serviço que será prestado e, tão importante quanto, o valor que isso agregará à vida dele. Confirmado o interesse em contratar, vem as dúvidas sobre o preço justo aos honorários, a formalização do contrato, seu planejamento financeiro e os impostos.

Todas as dúvidas são típicas e pertinentes ao processo de profissionalização e nos parece que há um vácuo institucional de boas intenções para ensinar isso, especialmente à jovem advocacia. Se não fosse essa omissão, poderiam estar sendo disponibilizados vários cursos profissionalizantes dessas aptidões.

Diante desta omissão, os causídicos mais experientes têm atuado como amparo sensível aos que adentram no mercado com toda a ânsia de aprender e conquistar o mundo, fomentando o conhecimento dessas questões tão importantes e que restam omitidas nas cadeiras acadêmicas. Afinal, nada se compara quando passamos de forma voluntária e apaixonada os nossos conhecimentos vividos e aprendidos dentro da luta diária na advocacia.

E para transferir essas aptidões requer experiência de advocacia, competência, abnegação, disposição e o mais importante, entender que um jovem colega representa a todos, e se queremos respeito da sociedade e de todos os outros operadores do direito, precisamos nos unir, enxergando em cada jovem a imagem da nossa profissão e nosso futuro.

Advogados e advogadas, sejamos unidos, sejamos fortes.
Erica Neves
Advogada
@ericanevesadv