O Espírito Santo se despediu de uma das figuras mais marcantes da política estadual. Morreu Myrthes Bevilacqua Corradi, professora, sindicalista e primeira mulher eleita deputada federal pelo estado, em 1982. Pioneira na luta pela educação e pela participação feminina na política, ela deixa um legado de dedicação à democracia, à justiça social e à defesa dos direitos das mulheres.
O governador Renato Casagrande decretou luto oficial de três dias em homenagem à trajetória da ex-parlamentar. “Recebo com profundo pesar a notícia do falecimento de Myrthes Bevilacqua, primeira mulher eleita deputada federal pelo Espírito Santo e exemplo de dedicação à educação e à justiça social. Em sua memória, decretarei luto oficial de três dias em todo o Espírito Santo. Minha solidariedade à família, amigos e admiradores de sua trajetória”, afirmou.
O ex-prefeito de Vitória, Luciano Rezende, também prestou homenagem à Myrthes. “Muito triste com o falecimento da minha querida amiga e leal companheira de partido, Myrthes Bevilacqua. Uma mulher à frente do seu tempo e 1ª Deputada Federal do ES. Meus sentimentos e pesar para familiares e amigos da nossa eterna Professora. Myrthes fará muita falta”.
Da sala de aula ao Congresso
Nascida em Vitória, em 1939, Myrthes formou-se em Ciências Físicas e Naturais e em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Sua carreira pública começou cedo, como chefe de gabinete da Secretaria de Educação estadual, entre 1959 e 1964. Foi presidente da União dos Professores do Espírito Santo (1973-1981) e vice-presidente da Confederação de Professores do Brasil (1975-1983), tornando-se referência nacional na luta por melhores condições de ensino.
Em 1982, fez história ao ser eleita deputada federal pelo PMDB. Em Brasília, integrou as comissões de Serviço Público e Legislação Social, sempre voltada à defesa dos servidores e da educação pública. Atuou com firmeza durante o processo de redemocratização, conciliando posicionamento crítico e capacidade de diálogo.
Mesmo sem voltar ao Congresso em disputas posteriores, Myrthes seguiu atuante. Foi secretária estadual de Ação Social (1987-1989) e assumiu funções em áreas ligadas às telecomunicações e políticas públicas. Seu papel como pioneira abriu caminho para outras mulheres na política em um cenário ainda dominado por homens.
Casada com Pedro José Corradi, com quem teve três filhos, Myrthes conciliou vida familiar com militância política, mantendo-se fiel a princípios de educação, democracia, justiça social e igualdade de gênero.