Um homem de 42 anos foi preso, na última sexta-feira (31), apontado como um dos responsáveis pelos ataques coordenados contra o sistema de transporte público da Grande Vitória. A ação ocorreu durante a operação “Lei e Ordem”, deflagrada pela Polícia Civil.
O suspeito foi identificado como José Roberto Santos de Jesus, gerente do tráfico de drogas no bairro Bonfim, em Vitória. Segundo as investigações, ele teria ordenado os incêndios em três ônibus ocorridos em 25 de agosto, em retaliação à morte do filho, David Pereira de Jesus, de 21 anos, que integrava a facção 1º Comando de Vitória e morreu em confronto com a Polícia Militar.
Na ocasião, os coletivos foram incendiados em três municípios: o primeiro no bairro Bonfim, em Vitória; o segundo, na Serra; e o terceiro, em Cariacica.
“Percebemos que não se tratava de um ato isolado ou de mero vandalismo, mas de uma ação coordenada e bem orquestrada pelo 1º Comando de Vitória”, afirmou o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic).
Facção usava adolescentes e moradores de rua
De acordo com o delegado, a facção utiliza adolescentes e pessoas em situação de rua para executar os crimes, por serem facilmente substituídas.
“Eles seguem esse modo de operação para demonstrar força, intimidar a sociedade e afrontar o poder estatal”, explicou Monteiro.
José Roberto está preso preventivamente e vai responder por incêndio criminoso, corrupção de menores e participação em organização criminosa.
Outro envolvido identificado pela polícia é Bruno M. N., figura de alta relevância e também apontado como líder do 1º Comando de Vitória. Ele está foragido da Justiça e, segundo a Polícia Civil, deu sua “anuência” e validou a ordem de retaliação. Atualmente reside no Rio de Janeiro.

O delegado destacou que a identificação dos mandantes é essencial para enfraquecer a estrutura da organização criminosa.
“O mandante, sabendo que será responsabilizado com base na teoria do domínio do fato, não executa diretamente as ações, mas exerce controle final sobre todas elas. Assim, tanto o executor quanto o mandante serão responsabilizados por esses incêndios. A partir do momento em que começarem a ser expedidos mandados de prisão contra esses indivíduos, ligados ao tráfico de drogas, a situação passará a incomodá-los, levando-os a tentar reprimi-la”, afirmou Monteiro.
Ataques a ônibus são estratégia nacional
Ainda segundo o delegado, o uso de incêndios em ônibus como forma de retaliação não é uma prática exclusiva do Espírito Santo.
“Essa é uma estratégia utilizada não apenas no Estado do Espírito Santo. Temos informações, inclusive veiculadas pela imprensa, sobre ocorrências semelhantes no Rio de Janeiro, em São Paulo e em diversos estados do Nordeste. Trata-se de uma forma de afrontar o poder estatal, intimidar a população e demonstrar força. Para quê? Para inibir ações policiais, já que, sempre que há uma operação e um membro da facção é morto em confronto com a polícia, eles realizam essas ações com o objetivo de causar pânico social”, concluiu o delegado.





