Seis pessoas, incluindo um policial militar, foram denunciadas pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES) por envolvimento no sequestro e assassinato do adolescente Lázaro Airam dos Santos Pereira, de 17 anos, ocorrido em junho deste ano no município de São Mateus. A Justiça acolheu a denúncia e tornou os investigados réus por diversos crimes, incluindo homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.
Entre os denunciados estão o cabo da Polícia Militar Denis Marchiore e os civis Lucas Eduardo Soares Chaves dos Santos, Walisson Pereira Carvalho, Felipe Silva Rodrigues, Alex Nascimento Paixão e Yan Krislan Pereira Dias. Todos seguem presos preventivamente.
Os réus responderão por sequestro qualificado (por envolver menor de 18 anos), homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emboscada, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima), ocultação de cadáver e associação criminosa armada.
Segundo o MPES, a denúncia foi fundamentada em um conjunto de provas reunidas ao longo das investigações, incluindo imagens de videomonitoramento, dados do cerco inteligente, geolocalização de celulares da vítima e dos denunciados, além de depoimentos de testemunhas. O cruzamento das informações permitiu concluir a participação de todos os acusados na execução do crime.
Na decisão que recebeu a denúncia, o Juízo de São Mateus destacou a “extrema gravidade e a hediondez dos crimes”, ressaltando que o corpo do adolescente foi encontrado 22 dias após o desaparecimento, enterrado em uma cova profunda, em local ermo e de difícil acesso, apresentando sinais de tortura.
Indenização
O MPES também solicitou que, em caso de condenação, os réus sejam obrigados a indenizar a família da vítima em pelo menos R$ 200 mil, a título de danos morais e materiais. Além disso, pediu a manutenção das prisões preventivas e a apuração da conduta disciplinar do policial militar envolvido, por meio da Corregedoria da PM.
O processo foi arquivado em relação a um dos sete investigados inicialmente, por falta de provas suficientes, sem prejuízo de reabertura caso surjam novos elementos.
Relembre o caso
Lázaro Airam foi visto pela última vez no dia 12 de junho, no Centro de São Mateus. Câmeras de segurança registraram o momento em que o adolescente entrou em um veículo, por volta do meio-dia. Após 22 dias de buscas, o corpo foi encontrado em 4 de julho, enterrado em uma cova no distrito de Guriri, após uma denúncia anônima feita à Polícia Penal.
A identificação preliminar foi feita pela mãe da vítima, que reconheceu uma tatuagem no pescoço do filho. O corpo foi encaminhado para a Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES), que confirmou a identidade após exames necroscópicos.
Durante as investigações, a polícia também apreendeu veículos com vestígios de sangue e fios, que podem ter sido utilizados para amarração ou asfixia da vítima.