Justiça mantém policiais presos por morte de adolescente em Pedro Canário

O Ministério Público Militar do Espírito Santo decidiu converter a prisão em flagrante dos cinco policiais envolvidos na morte de um adolescente de 17 anos em Pedro Canário, na última quarta-feira (1º), para prisão preventiva. Os cinco militares passaram por uma audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (2).

Os nomes dos policiais envolvidos no caso são: Leonardo Jordão da Silva, Samuel Barbosa da Silva Souza, Thafny Da Silva Fernandes, Tallisson Santos Teixeira e Wanderson Gonçalves Coutinho. Todos passaram por exames de corpo e delito do Departamento Médico Legal (DML) de Vitória.

“O MP entende que há elementos para converter o flagrante em prisão preventiva. Requer, portanto, a conversão do flagrante em prisão preventiva e a instauração do inquérito policial militar”, diz o termo da audiência.

De acordo com a decisão, a prisão preventiva também foi determinada para resguardar as investigações, inclusive a vida dos indiciados. O juiz também reforçou a necessidade uma apuração rigorosa do caso.

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) informou em nota que também requisitou a instauração de Inquérito Policial Militar, pela Corregedoria da Polícia Militar, e de Inquérito Policial, pela Delegacia de Polícia Civil de Pedro Canário, para apurar os fatos.

“Os pedidos foram acolhidos e os inquéritos já estão em andamento. Dessa forma, o Ministério Público Estadual segue fiscalizando e acompanhando com rigor as apurações do caso, para a posterior adoção das medidas cabíveis e previstas em lei, ao final das investigações”, pontuou a instituição.

Divergências no depoimento

Comandante geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus

O comandante geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, disse nesta quinta-feira (2), que os policiais envolvidos na morte de um adolescente de 17 anos, em Pedro Canário, no Norte do Espírito Santo, também poderão ser punidos caso seja constatado que eles mentiram ao registrar o boletim de ocorrência sobre caso.

“Há divergências daquilo que foi colocado na ocorrência. Durante o auto de prisão em flagrante deles, eles se reservaram ao direito de ficarem calados. Se durante as diligências, ficar constatado que eles também mentiram durante a ocorrência, isso também tem um tipo penal militar a eles que pode ser imputado”, explicou Caus.

Entre o boletim de ocorrência e o vídeos divulgados sobre a ação dos policiais, está sendo apurada a narrativa de que houve resistência por parte do adolescente, incluindo a tentativa dele de sacar uma arma da cintura, o que não é mostrado nas imagens compartilhadas até o momento.

De acordo com o comandante da PM, os vídeos completos da abordagem, registrados por uma câmera de segurança da região, serão minuciosamente periciados.

O crime

Segundo Caus, a PM foi acionada após denúncias de que indivíduos, que têm relação com tráfico de drogas, estariam na região armados, intimidando a população. Duas viaturas foram até o local onde houve uma troca de tiros. Na ação, um suspeito fugiu, outro foi preso com um simulacro e outro foi detido com uma pistola, dentro de uma residência. Este último pulou o muro de uma casa e acabou morto pelo policial militar, conforme as imagens mostram.

Nas imagens é possível ver que o suspeito está sentado próximo a um muro. Logo após, ele levanta e fala com os policiais envolvidos na ação, momento em que um dos militares atira contra o rapaz. O vídeo foi pausado antes do tiro ser disparado, pois as cenas são fortes.

“A Polícia Militar tratará essa situação e qualquer uma outra da mesma forma. Com apuração extremamente rigorosa, para que nós consigamos delimitar a autoria e as faltas cometidas pelos policiais. Serão imediatamente detidos, conduzidos, autuados em flagrante e submetidos, como qualquer cidadão, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário”, afirmou Caus.

De acordo com o comandante da PM, os policiais foram encaminhados para o 13º Batalhão de São Mateus, onde prestaram depoimentos na noite de quarta-feira (1º). Após confeccionado o auto de prisão em flagrante, a Corregedoria da PM encaminhou os policiais ao presídio militar, na Grande Vitória. Ainda segundo Caus, as armas dos policiais e a pistola utilizada pelo adolescente foram apreendidas.

A Polícia Civil informou por nota que o corpo do suspeito foi encaminhado ao Serviço Médico Legal (SML) de Linhares, para ser necropsiado e liberado para os familiares. A ocorrência ainda está em andamento, sob responsabilidade da Polícia Militar.

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar Estadual e da Promotoria de Justiça de Pedro Canário, informou por nota que já está fiscalizando e acompanhando com rigor as apurações do caso, para a posterior adoção das medidas cabíveis e previstas em lei, ao final das investigações.