Jogador do Rio Branco é afastado do clube após fazer ataque homofóbico contra Marta

Após a eliminação do Brasil na Copa do Mundo Feminina, nesta quarta-feira (2), a jogadora — e ídola mundial do futebol feminino — Marta foi alvo de ataques homofóbicos do jogador Morotó, do Rio Branco (ES). Nas redes sociais, o jogador do clube capixaba disse que a jogadora e a namorada vão “queimar no fogo do inferno”.

“É uma pena que elas vão queimar no fogo do inferno. Será que elas conhecem a palavra de Deus? Eu sinto muito em dizer isso, mas todas elas vão para o fogo do inferno. Sinto muito, mas isso não são palavras minhas, são palavras do Senhor Todo-Poderoso, todas elas vão para o inferno”, disse Morotó na publicação.

O jogador também publicou em sua rede pessoal uma foto de Marta com a namorada dizendo que a Seleção Brasileira não iria passar na Copa Feminina e que sua “profecia” se cumpriu.

Foto: Reprodução / Instagram Morotó

Após a repercussão negativa das falas do jogador, o Rio Branco anunciou publicamente o afastamento de Morotó do clube e disse que repudia e veementemente as declarações feitas por ele nas redes sociais. Confira a nota na íntegra:

“O Rio Branco Atlético Clube repudia veementemente as declarações particulares feitas de forma exclusivamente pelo atleta Morotó, e ressalta que não compactua com falas e ações homofóbicas.

Somos um clube que há 110 anos luta contra todo o tipo de preconceito. Temos por princípios a defesa da diversidade e da igualdade. O futebol precisa ser ambiente de acolhimento e respeito, por isso sempre reforçamos nosso posicionamento contra todas as manifestações intolerantes.

Entendemos que o futebol vai muito além das quatro linhas, pois tem o poder de mobilizar as pessoas e transformar vidas, sendo instrumento para fomentar a conscientização sobre os destrutivos impactos da discriminação.

O clube vem estruturando internamente o Núcleo Capa-preta Antidiscriminação (Nucad), que visa criar estratégias e ações para engajar o clube e sua torcida em questões importantes na sociedade brasileira, como a luta contra o preconceito, promovendo transformações sociais por meio do futebol.

O clube comunica o afastamento do atleta e, junto ao seu Departamento Jurídico, está analisando a situação de forma emergencial para tomada de demais ações.

Deixamos também nosso respeito à Marta, maior atleta de futebol feminino de todos os tempos”.

A Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES) também divulgou uma nota repudiando os ataques do jogador contra a ídola do futebol feminino brasileiro. Confira na íntegra.

“A Federação de Futebol do Estado do Espírito Santo (FES) vem a público repudiar a manifestação de homofobia, proferida pelo jogador do Rio Branco Atlético Clube, Sidevaldo Pereira dos Santos (Morotó), à jogadora da Seleção Brasileira, Marta, também eleita seis vezes melhor jogadora do mundo pela FIFA.

Para a FES, o futebol é um esporte que, acima de tudo, visa proporcionar a inclusão e a socialização, e por isso, defendemos que todos sejam respeitados dentro e fora de campo. A intolerância motivada por ódio e discriminação é danosa e só causa sofrimento aos indivíduos.

Nossa solidariedade à Marta e a todos aqueles que já sofreram algum tipo de preconceito”.

No final da tarde desta quarta-feira (2), o jogador publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que foi ele quem pediu demissão do clube e que “não está nem aí” para o que as pessoas estão pensando dele.

“O importante é que Deus sabe do meu coração, eu não tô nem aí. O importante é que eu tô tranquilo. O importante é que eu tô falando do Evangelho e vou continuar falando. Posso pegar 10 anos de cadeia, 30 anos de cadeia, 40 anos de cadeia, 70 anos de cadeia, mas eu tô falando do Messias”, disse o jogador em parte do vídeo publicado.