Instituto alerta para ação de palmiteiros em área protegida

40 palmeiras ameaçadas de extinção são cortadas e roubadas de reserva ambiental no ES

Por Redação
Palmeira do palmito juçara cortada na reserva Kaetés/IMD

Cerca de 40 palmeiras da espécie (Euterpe edulis), mais conhecida por palmito juçara, ameaçadas de extinção,  foram cortadas e furtadas  da Reserva Kaetés, do Instituto Marcos Daniel,  em Vargem Alta, região das montanhas capixabas. As árvores foram cortadas no último dia 13 de fevereiro, conforme noticiou o instituto, esta sexta (28), em tom de alerta. O corte das palmeiras sugere que o crime fora praticado por palmiteiros, pessoas que cortam essas palmeiras para vender o palmito.

Segundo a nota, pesquisadores da Reserva Kaetés, do Instituto Marcos Daniel, se depararam com uma cena preocupante. 40 palmeiras juçara foram derrubadas dentro da área da reserva ambiental, perto da localidade de Castelinho, em Vargem Alta. A região é parte da Mata de Caetés, um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica de Montanha do Espírito Santo, com mais de 3.000 hectares.

Reserva Ambiental Kaetés/Divulgação
Palmeira Juçara/Reprodução Juçaí

Semana Santa
Segundo a nota, com a proximidade da Semana Santa, aumenta a demanda por palmitos para uma receita típica, a torta capixaba. Porém, essa tradição esconde um problema ambiental grave, a exploração ilegal do palmito-juçara, uma espécie de palmeira típica da Mata Atlântica, mas hoje restrita a poucos locais além das áreas protegidas.

Segundo Victor Vale, supervisor da reserva, os palmiteiros invadiram a reserva e retiraram os palmitos provavelmente para vendê-los, e com a chegada dos feriados da Semana Santa, a tendência é a situação piorar. “Todos os anos, vivemos esse mesmo problema em toda a região. A única coisa que podemos fazer é manter uma presença ostensiva e acionar as autoridades e esperar que as ações da polícia ambiental e dos órgãos ambientais sejam suficientes para coibir este crime”, acrescentou Marcelo Renan de Deus Santos, coordenador do Programa de Conservação da Saíra-apunhalada.

A palmeira-juçara é famosa pelo palmito doce e preferido por muitas pessoas para a torta capixaba. Porém, a exploração ao longo dos séculos associada a perda da Mata Atlântica para áreas de agricultura, silvicultura e outras atividades econômicas, colocaram a palmeira em um status de ameaçada de extinção, diz o instituto, reforçando: “Na mata, a palmeira-juçara é fundamental para seu equilíbrio, pois seus frutos servem de alimento para diversas espécies e suas folhas são um petisco para os macacos-prego”.

Ainda segundo o Instituto Marcos Daniel, para obter palmito, a palmeira, que pode levar até 20 anos para crescer, ao ser cortada, morre, pois não brota novamente.

O uso alternativo da palmeira-juçara é através da produção de polpa da semente, semelhante ao açaí. O plantio para exploração comercial do fruto tem grande potencial econômico para as regiões montanhosas do Espírito Santo, especialmente em sistemas agroflorestais. Já existem empresas especializadas no processamento e comercialização da polpa de juçara, inclusive com exportação para outros países. “A saída para manter a tradição protegendo a floresta é não comprar palmito ilegal e optar por outras espécies como o palmito pupunha, pindoba, dendê, açaí e o de coqueiro que são cultivados para esse fim”, indica.

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