Ibiraçu, antes lembrada apenas pela parada para o pastel com caldo de cana ou pela foto com o Grande Buda, quer mudar de papel: deixar de ser “pit stop” na BR-101 e se tornar destino turístico completo no Espírito Santo. A estratégia envolve estrutura pública, organização do território e estímulo a negócios locais. A cidade reúne café rural, restaurantes italianos, pesque-pague, hospedagens, museus, igrejas centenárias, um circuito de peregrinação de 108 km e o maior Buda sentado do Ocidente.
Segundo o superintendente do Sebrae-ES, Pedro Rigo, Ibiraçu já é o próximo distrito turístico do estado. “A grande expectativa é fazer com que as pessoas que já vão à Praça do Grande Buda possam permanecer na região e usar outros atrativos”, afirmou.
Hoje, o visitante para, fotografa o Buda e segue viagem. A meta agora é outra: fazer o turista ficar, consumir e explorar o entorno.
Cafés, restaurantes e pesque-pague atraem turistas
A poucos minutos do Buda, o Florada Café recebe grupos para cafés rurais sob o som de pássaros. Lá, é possível provar bolos, quiches e cafés especiais, além de fazer banho de floresta e visitar um campo de girassóis. Logo adiante, o restaurante Casa do Nonno serve culinária italiana em ambiente familiar, enquanto o Lagoa do Vale oferece pesca esportiva, almoço no fogão a lenha e áreas verdes para descanso.
A hospitalidade do interior também aparece nas hospedagens rurais. No Camalles Cama e Café, peregrinos e turistas dormem em quartos simples, comem comida caseira e conversam com moradores. “A experiência é maravilhosa, acolhedora e incrível, com paisagens deslumbrantes que encantam a cada passo”, contou a proprietária, Sandra Salles Mattiuzzi Cazotto.
Além disso, pousadas como João e Maria recebem turistas que buscam tranquilidade e contato com a natureza.
Caminho da Sabedoria

Ibiraçu mistura espiritualidade, aventura e cultura. O Caminho da Sabedoria — uma rota de 108 km — pode ser percorrido em três a cinco dias por trilhas, estradas rurais e trechos de Mata Atlântica.
O percurso começa na Igreja Matriz de São Marcos e termina no Santuário de Nossa Senhora da Saúde. No caminho, o visitante encontra:
- Mosteiro Zen Budista Morro da Vargem
- Praça do Torii e o Grande Buda
- Igrejas centenárias
- Comunidades tradicionais
- Sítios produtivos e áreas de Mata Atlântica
O trecho entre o km 30 e o km 56 é considerado um dos mais desafiadores — e mais bonitos.
Obra de R$ 5,6 milhões
Nesta sexta-feira (7), o governo autorizou a construção da Praça Torii — um novo espaço turístico ao lado do Grande Buda. Serão 9.240 m² com:
- estacionamento para carros e ônibus;
- bicicletário;
- sanitários acessíveis;
- iluminação e paisagismo.
“O Espírito Santo tem o maior Buda do Ocidente. Hoje estamos autorizando a construção de uma praça com infraestrutura adequada para receber visitantes”, afirmou o governador Renato Casagrande. Com isso, o entorno deixa de ser apenas ponto de passagem e passa a ter área de permanência e convivência.
Objetivo é transformar fluxo em permanência

O Sebrae trabalha há cinco meses na estruturação do distrito turístico. “Já estamos desenvolvendo o projeto no Grande Buda. O distrito intensifica ações para fortalecimento e promoção do território”, disse Rigo.
A proposta inclui apoio a museus e empreendimentos locais, como:
- Oficina Escola de Cerâmica
- Museu do Grande Buda
- Museu do Bambu (em fase de captação de recursos)
Para Pedro Rigo, a estratégia marca um novo capítulo do turismo capixaba. “Pela primeira vez, o Espírito Santo está se organizando para caminhar na mesma direção: com governança e objetivo comum.”





