Hucam da Ufes inicia estudo sobre eficacia da Coronavac em crianças

O Anvisa aprovou o uso da vacina da Pfizer para crianças no mês de dezembro. Desta vez, uma pesquisa que começa no Espírito Santo pode produzir os dados e informações para embasar a liberação da Coronavac também para o público infantil. O estudo será acompanhando pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam/Ufes), a partir desta sexta-feira (14), no chamado Projeto Curumim. Haverá participação de quase 1.280 crianças e adolescentes da Grande Vitória que ainda não tenham sido imunizados.

Os integrantes do estudo vão receber duas doses da vacina e serão monitorados para verificar a eficacia, segurança e a produção de anticorpos e células de defesa com sistema vacinal completo. Como comparativo, os pesquisadores vão utilizar os indicadores da Pfizer, atual e único líquido imunizador usado em menores de 18 anos.

Todas as etapas do estudo, inclusive a vacinação, serão realizadas no Hucam, no Laboratorio de Pesquisa Elsa, no pátio do Centro de Ciências da Saúde, em frente à entrada do hospital. Após a imunização, todos os participantes serão oficialmente registrados e receberão comprovantes de vacinação.

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A pediatra infectologista e pesquisadora do projeto Ana Paula Burian disse que a vacinação das crianças e adolescentes será necessária para o retorno às atividades normais, e esse projeto de pesquisa visa verificar se a Coronavac é eficaz nesse público.

Crianças e adolescentes já participaram de outras pesquisas vacinais, segundo a Hucam, mas já foram finalizadas. Ainda de acordo com a instituição, estão em andamento outros 17 ensaios clínicos, utilizando nove vacinas diferentes.

Como participar?

Pais ou mães interessados em incluir seus filhos no estudo poderão agendar a vacinação pelo e-mail projetocurumim.es@gmail.com ou pelo site www.curumim.es.gov.br, que estará ativo a partir da próxima semana. No momento da aplicação, crianças e adolescentes devem estar acompanhados por um responsável legal.

Os interessados devem ficar atentos as restrições de saúde listadas pelo projeto, são ele: adolescentes gestantes, crianças com história de reação alérgica grave (anafilaxia, urticária ou angioedema) a qualquer vacina previamente administrada, quem já recebeu a vacina contra covid-19 em outra oportunidade, crianças e adolescentes com história pessoal de Síndrome Inflamatória Multissistêmica (MIS-C) relacionada ao SARS-CoV-2 e imunossuprimidos (infecção pelo HIV ou câncer).

Entenda a produção da Coronavac

A Coronavac é produzida a partir de um vírus inativo, ou seja, esses agentes infeciosos são inteiramente mortos e, então, aplicado como vacina. Para Carolina Strauss, pediatra pneumologista e aluna de doutorado no projeto “essa tecnologia é muito conhecida e utilizada há muitos anos e tem a vantagem de induzir uma grande diversidade de resposta, além de ser mais segura, ou seja, produz menos efeitos colaterais.”

Benefícios e riscos

Os dados pessoais fornecidos para o projeto serão usados apenas para fins da pesquisa e não serão divulgados, preservando a identidade dos participantes, que serão acompanhados pela equipe de pesquisa, composta por médicos pediatras, infectologistas, pneumologistas, pesquisadores e enfermeiros especializados em vacinas em crianças e adultos. Também terão acesso a exames laboratoriais que não são de rotina.

Em comunicado, a Hucam afirmou sobre a possibilidade de efeitos colaterais leves e de curta duração. Os mais comuns são dor, vermelhidão, inchaço ou coceira onde a injeção é aplicada, cansaço ou indisposição geral, calafrios ou febre, dor de cabeça, dor muscular, dor nas juntas, enjoos e dor de barriga, perda de apetite e suores excessivos. Efeitos colaterais sérios são raros.

Valéria Valim destacou que “países como o Chile, o Equador e a China já vacinaram as crianças com Coronavac. No Brasil, a vacina da Pfizer já está liberada para o uso em crianças de 5 a 17 anos”.

Veja algumas das principais perguntas e respostas sobre o estudo:

Vale a pena vacinar crianças contra covid-19?
Sim, vale a pena. Até o final de 2021, no Brasil, foram notificadas 34 mil hospitalizações e 2500 óbitos por covid-19 em crianças e adolescentes. A maneira mais eficiente para prevenção da covid-19 é a vacinação da população. Apesar de terem menor risco de complicações da doença, quando comparado a adultos, a vacinação das crianças e adolescentes é necessária para prevenir a ocorrência de casos graves, hospitalizações e mortes nesta faixa etária. Será necessária também para que retornem às suas atividades escolares com segurança e para que a maioria da população seja vacinada, protegendo os grupos de maior risco de doenças graves.

Por que este estudo está sendo feito?
A Coronavac é uma vacina inativada, ou seja, contém o vírus morto. Essa tecnologia é bastante conhecida e utilizada há vários anos, com a vantagem de ser muito segura. O objetivo do estudo é comparar a eficácia e segurança da vacina Coronavac em crianças e adolescentes com a vacina Pfizer. Essa pesquisa é importante para incorporar a Coronavac como opção de vacina em crianças no Brasil.

Por que participar desse estudo?
Além de receber uma das vacinas (Coronavac ou Pfizer), o participante será acompanhado pela equipe clínica, com o suporte necessário, e serão realizados exames laboratoriais, que não são de rotina e informarão sobre a resposta de defesa da criança após vacinação, no período de um ano.  A participação de seu(ua) filho(a) também é importante, pois as informações geradas ajudarão a comunidade a compreender melhor os efeitos e segurança das vacinas em crianças e adolescentes.

Como será a escolha da vacina a ser aplicada?
Será de maneira aleatória (randomizada), durante o agendamento no site. Para seguir o método científico necessário para validar a pesquisa, nem o participante, nem o médico pesquisador que fará seu acompanhamento, saberão, no momento da vacinação, qual a vacina está sendo aplicada. As crianças menores de 5 anos somente receberão a Coronavac.

Quem estiver gripado pode receber a vacina?
Não. Se o participante apresentar febre ou sintomas gripais no momento da vacinação, ela deverá ser reagendada. Também deverá adiar a vacinação se tiver recebido gamaglobulina ou transfusão de sangue nos últimos 60 dias.

(Fonte: Ufes)