O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 14, que não vai trabalhar na pasta pensando na próxima eleição. “A pior coisa que uma pessoa pode fazer é sentar em uma cadeira pensando na próxima”, disse, em entrevista à GloboNews.
Falando acerca seus predecessores no cargo, Haddad elogiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que comandou a Fazenda no governo de Itamar Franco e foi responsável pela implementação do Plano Real, e Antonio Palocci, primeiro chefe da pasta do primeiro governo Lula.
“Às vezes as pessoas falam que o Fernando Henrique não é economista mas, se não fosse o Fernando Henrique na Fazenda, não sei se aquilo o Plano Real era viável. Tinha de ter autoridade política para propor aquilo”, disse ele. “Foi uma combinação muito virtuosa, de Persio (Arida) e André (Lara Resende) e de um ministro da Fazenda que se tornou presidente por mérito próprio.”
Sobre Palocci, Haddad disse não considerar que o então ministro agiu de forma equivocada por adotar uma política mais ortodoxa no início do governo Lula, embora tenha ponderado que em um determinado momento uma mudança era necessária. Ele ainda defendeu o segundo mandato de Lula, dizendo que as políticas adotadas de 2007 a 2010 não desfizeram a responsabilidade do mandato anterior.
Haddad afirmou que chegou a aconselhar Palocci a acumular reservas cambiais, que depois se provaram úteis.
O futuro ministro disse ainda que sua intimidade com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será um ativo, porque permite que conversem sem cerimônia. Sobre a senadora Simone Tebet (MDB), Haddad disse considerar que ela “tem um papel”, que será considerado na composição dos ministérios.
Questionado sobre o clima de conflito no País, especialmente após os protestos violentos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Brasília, Haddad disse considerar que é necessário afastar o clima antidemocrático. Ele acrescentou considerar que Lula tem condições para fazê-lo.