Garrafa com cartas da 1ª Guerra chega à praia na Austrália

Garrafa foi achada por família enquanto passava pela praia coletando lixo

Por R7
Garrafa contendo cartas escritas a mão foi encontrada na praia de Wharton, na Austrália Arquivo pessoal/Deb Brown

Duas cartas escritas por soldados australianos durante a Primeira Guerra Mundial foram encontradas mais de um século depois dentro de uma garrafa em praia na costa sudoeste da Austrália.

As mensagens, redigidas em agosto de 1916, foram lançadas ao mar poucos dias após o início da viagem dos militares rumo à França, onde combateriam nas trincheiras da Europa.

A descoberta foi feita no dia 9 de outubro por Deb Brown, o marido, Peter, e a filha, Felicity, durante um passeio de quadriciclo na praia de Wharton, perto da cidade de Esperance, no estado da Austrália Ocidental.

A família costuma recolher lixo ao longo da faixa de areia e se surpreendeu ao encontrar uma antiga garrafa logo acima da linha d’água.

“Nós fazemos muita limpeza nas nossas praias, então nunca deixaríamos passar um pedaço de lixo. Essa garrafinha estava lá, esperando para ser recolhida”, contou Deb Brown à imprensa local.

Cartas foram escritas a lápis/Reprodução Deb Brown

Dentro da garrafa estavam duas mensagens escritas a lápis pelos soldados Malcolm Neville, de 27 anos, e William Harley, de 37 anos, que haviam embarcado no navio de transporte HMAT A70 Ballarat três dias antes, em 12 de agosto de 1916. O navio partiu de Adelaide em direção à França para reforçar o 48º Batalhão de Infantaria Australiano na Frente Ocidental.

Neville escreveu à mãe, Robertina, dizendo que estava se divertindo e que a comida a bordo era boa, “com exceção de uma refeição que enterramos no mar”. Ele relatou ainda que o navio “balançava e rolava”, mas que todos estavam “muito felizes”. O soldado pediu que, caso a garrafa fosse encontrada, a mensagem fosse entregue à mãe em Wilkawatt, pequena cidade no sul do país. Neville foi morto em combate um ano depois, aos 28 anos.

Harley, que havia perdido a mãe antes de partir para a guerra, escreveu para “quem encontrasse” a garrafa, desejando que essa pessoa estivesse “tão bem quanto nós estamos agora”. Ele foi ferido duas vezes durante o conflito, mas sobreviveu e morreu em 1934, em Adelaide, em decorrência de um câncer que, segundo familiares, foi causado por gás tóxico usado nas trincheiras.

Mensagens legíveis

Segundo Deb Brown, o papel estava molhado, mas as mensagens permaneciam legíveis. A moradora conseguiu localizar descendentes dos dois soldados e entregou as cartas. “A garrafa está em perfeitas condições. Não tem sinal de cracas. Se tivesse ficado no mar por tanto tempo, o papel teria se desintegrado”, afirmou.

A neta de Harley, Ann Turner, contou que ela e os familiares ficaram impressionados com a descoberta. “Parece mesmo um milagre e sentimos muito que nosso avô entrou em contato conosco do além-túmulo”, disse à emissora ABC. O sobrinho-neto de Neville, Herbie Neville, também se emocionou. “Parece que ele estava muito feliz em ir para a guerra. É muito triste o que aconteceu. Que homem ele era”, declarou.

Especialistas acreditam que a garrafa pode ter permanecido enterrada nas dunas por mais de 100 anos e sido revelada recentemente pela erosão da areia provocada pelas ondas na região.

 

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