Exame de R$120 mil é usado para investigação no Santa Rita

Análise metagenômica busca identificar agente desconhecido que causou infecção em 33 profissionais; Estado está em alerta máximo

Por ES360
Secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, e a coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, infectologista Carolina Salume. Foto: Divulgação

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) está usando uma tecnologia de ponta para tentar descobrir o que causou o surto intrahospitalar no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória. Segundo o subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, o Estado está realizando um exame metagenômico, que custou mais de R$ 120 mil, com o objetivo de identificar o agente infeccioso ainda desconhecido.

“A gente está fazendo a chamada metagenômica, que é um exame caríssimo — só para abrir uma placa foi mais de R$ 120 mil. É uma forma de pegar mais tipos de patógenos, analisando o DNA e o RNA de agentes que podem estar presentes”, explicou o subsecretário.

A técnica é usada em casos raros, quando exames convencionais não conseguem apontar a causa de uma infecção. Os resultados estão sendo processados no Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES) e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A expectativa é que as análises sejam concluídas até o fim desta semana.

Quando e onde o surto começou

Os primeiros casos suspeitos surgiram no dia 13 de outubro, entre profissionais da ala E, área de internação oncológica do Hospital Santa Rita. A confirmação ocorreu no dia 19, quando o hospital comunicou oficialmente a Sesa. Desde então, o Espírito Santo está em alerta máximo, com acompanhamento diário da situação.

No total, 33 profissionais de saúde apresentaram sintomas como febre alta, dor muscular, cefaleia e, em alguns casos, pneumonia. A maioria já recebeu alta, mas seis seguem internados — três deles em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e três em enfermaria, sob isolamento.

Doze acompanhantes estão sob investigação

Além dos profissionais contaminados, 12 acompanhantes e pessoas que circularam pela ala entre setembro e outubro apresentaram sintomas semelhantes e estão sendo monitorados em diferentes hospitais do Estado.

O secretário de Estado da Saúde, Tyago Hoffmann, informou que esses casos ainda estão sob análise. “Ainda não há conclusão de que esses 12 casos tenham vínculo epidemiológico com o surto intrahospitalar. Todos estão internados em leitos de enfermaria, sendo acompanhados de perto.”

Legionella foi descartada

Uma das primeiras suspeitas foi a bactéria Legionella spp., causadora da Doença dos Legionários, uma forma grave de pneumonia transmitida por água ou ar contaminados. Ela costuma se proliferar em sistemas de ar-condicionado e reservatórios, mas não é transmitida de pessoa para pessoa.

A infectologista Carolina Salume, coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Santa Rita, explicou que a hipótese foi descartada. “Dos oito funcionários que testamos para Legionella, todos tiveram resultado negativo. Também realizamos painéis de pneumonia no hospital e no Lacen-ES, e nenhum identificou a bactéria.”

Com isso, a Sesa passou a investigar outros fungos e bactérias que possam estar ligados a uma origem ambiental, possivelmente no sistema de ar-condicionado ou na água da ala afetada.

Medidas adotadas

A enfermaria E — apontada como epicentro do surto — está interditada e praticamente vazia. Um dos três centros cirúrgicos do hospital também foi fechado por precaução. Os demais setores seguem funcionando normalmente, incluindo cirurgias, exames e tratamentos oncológicos ambulatoriais.

“Como não há casos de transmissão de pessoa para pessoa, foi feita a higienização seguindo os protocolos da CCIH e coleta de amostras ambientais”, explicou Orlei Cardoso.

Dentro do hospital, foi criado um Centro de Informações que reúne equipes da Sesa, do Hospital Santa Rita e do Ministério da Saúde, que enviou técnicos ao Estado para colaborar com a investigação.

Fake news e informações oficiais

Desde que o caso veio à tona, fake news têm circulado nas redes sociais, especialmente sobre a suposta necessidade de uso de máscaras nas proximidades do hospital. A Sesa desmentiu essas informações.

“Circulam nas redes sociais informações falsas sobre a necessidade de uso de máscaras em ônibus que passam pelas imediações do Hospital Santa Rita, o que não procede”, esclareceu o secretário Tyago Hoffmann.

Também é falsa a informação de que a Legionella spp. tenha sido confirmada como causa da infecção. O agente responsável ainda não foi identificado.

Acompanhe as atualizações

A Sesa divulga diariamente, às 17h, um boletim oficial no site da secretaria, com atualização dos casos, medidas adotadas e locais de investigação.

“A informação oficial estará no boletim. É importante que a população busque fontes oficiais e evite compartilhar mensagens falsas”, reforçou Hoffmann.

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