Um levantamento recente realizado com mais de 4.600 adolescentes da Grande Vitória revelou dados preocupantes sobre o consumo de álcool, drogas e medicamentos entre jovens. Participaram da pesquisa estudantes de 63 escolas públicas e particulares de todos os municípios da região metropolitana.
De acordo com os dados, 2 em cada 10 adolescentes já experimentaram algum tipo de droga. A pesquisa foi coordenada pela Rede Abraço, em parceria com o Laboratório de Estudos sobre Violência, Saúde e Acidentes da Universidade Federal do Espírito Santo (LAVISA) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Espírito Santo (Fapes), e tem como objetivo subsidiar políticas públicas voltadas à prevenção do uso de substâncias entre jovens.
“Essa pesquisa vem no sentido de nos dar um diagnóstico mais preciso de como os adolescentes aqui no estado, especialmente na Grande Vitória, estão lidando com essa problemática que envolve o uso de álcool e outras drogas. Com isso, a gente vai conseguir formular políticas públicas, especialmente no campo da prevenção, de forma mais assertiva”, explica Carlos Lopes, subsecretário de Estado de Políticas sobre Drogas e coordenador do Programa Rede Abraço.
Motivos para o uso
Quando questionados sobre os motivos que os levaram ao consumo, os adolescentes apontaram as seguintes razões:
Redução de estresse – 43%
Relaxar – 35,5%
Diversão com amigos – 33,2%
Os dados reforçam a influência de fatores emocionais e sociais na tomada de decisão dos jovens. A responsável pela pesquisa, Dra. Franciéle Maravotti, destaca a complexidade desse momento da vida:
“A gente tem que pensar na questão dos conflitos que esse adolescente vivencia nessa fase tão complexa, nas fragilidades das relações familiares, na busca por aceitação. Tudo isso torna ele vulnerável a essa fuga, essa tentativa de relaxar, de desestressar por meio do consumo, de forma equivocada, de drogas ou álcool”, analisa.
Outro dado que chamou atenção dos pesquisadores foi o aumento do consumo entre meninas. “Isso está relacionado ao paradigma das mudanças nas representações de gênero, nos papéis feminino e masculino. A gente vive uma geração em que as mulheres estão em busca dos seus direitos, das suas escolhas. E, nesse contexto, a gente também percebe uma mudança de comportamento e na própria inserção das mulheres em comportamentos de risco”, aponta Franciéle.
Medicamentos também preocupam
O estudo também revelou o uso preocupante de medicamentos controlados sem prescrição médica. Cerca de 17% dos adolescentes afirmaram já ter usado tranquilizantes, e 33,5% deles disseram ter recebido o remédio de alguém da própria família.
“Quando a gente fala de medicamentos, infelizmente percebemos a figura do familiar como um importante componente nessa oferta do remédio, o que remete a uma relação de pouco cuidado desse familiar com o adolescente. Já quando falamos de álcool e drogas, o cenário é outro: a oferta dessas substâncias geralmente vem dos amigos”, conclui Franciéle Maravotti.
*Com informações do repórter Américo Soares, da TV Sim/SBT