Estado tem queda de 44% na realização de exames de câncer de mama

Entre 2019 e 2020, o Espírito Santo teve uma queda de 44% em quantidade de mamografias realizadas no público-alvo, que são mulheres entre 50 a 69 anos dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS). A pesquisa foi feita pelo Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) e considerou as 307.026 mulheres capixabas pertencentes a este grupo.

A redução de 66.077 para 36.690 mamografias entre 2019 e 2020, segundo a pesquisa, tem ligação com a pandemia da Covid-19. A crise sanitária ainda afeta essa área, pois até o mês de junho de 2021 foram registrados 19.291 exames. Apesar do resultado o Estado conseguiu alcançar o 3º melhor lugar nível no ranking nacional.

Além dos últimos dois anos, a auditoria também analisou 2018 e 2017, que apresentaram, respectivamente, 59.380 e 62.911 realizações de rastreio de câncer de mama.

A fiscalização também verificou que o tempo de espera entre a solicitação e a realização do exame e também entre a solicitação e a entrega do resultado têm sido excessiva em algumas localidades, sendo fatores que podem retardar o diagnóstico precoce da doença.

Análise por município

Na análise por município, aqueles que figuraram como últimos colocados no ranking de realização de exames, entre de 2017 a 2021, foram respectivamente Rio Bananal (2,8%), Laranja da Terra (2,3%), Muniz Freire (2,0%), Divino São Lourenço (1,1%) e Água Doce do Norte (0,4%).

Os maiores percentuais foram: Itarana (2017 com 104,9%), Vitória (2018 com 94,9%), Santa Maria de Jetibá (2019 com 83,4%), Santa Maria de Jetibá (2020 com 57,0%) e Venda Nova do Imigrante (2021 com 82,7%).

A auditoria apurou que os municípios de Iconha, Mimoso do Sul, Jerônimo Monteiro, Atílio Vivácqua, Muqui, Fundão, e Mantenópolis possuem somente 1 prestador do serviço para a realização de exames de mamografia previamente pactuados, e em alguns desses municípios, houve a indisponibilidade total da oferta de exames de mamografia por dependerem exclusivamente de um único prestador.

Acompanhamentos

A equipe técnica do TCE-ES ainda identificou a demora no retorno da emissão do resultado dos exames. De todos as mamografias feito=as entre os quatro anos investigados, 98.517 (43,8%) demoraram mais de 60 dias para saírem.

A região capixaba tem a 4ª pior colocação nacional entre todos os Estado neste aspecto. Os motivos constatados pelo tribunal foram a fragilidade no monitoramento e avaliação do tempo de espera dos pacientes nos municípios, e de falta de institucionalização da Carta de Serviço ao Usuário. Esta “Carta” é um documento, que deve ser divulgado na internet para trazer informações claras e precisas em relação aos serviços prestados.

Sem ela, segundo os auditores, as mulheres que utilizam esse serviço público, ao serem atendidas pelo enfermeiro ou médico, não são informadas sobre requisitos, documentos, formas e informações necessárias para acessar o serviço. Elas ficam desinformadas sobre as principais etapas para processamento do serviço, previsão do prazo máximo para a prestação do serviço, locais e também a respeito das formas para se manifestar em casos problemas ou insatisfações.

Além da falta da Carta de Serviço ao Usuário, foi verificado que fora os eventos alusivos do mês Outubro Rosa, não há evidências de ações contínuas de comunicação nos municípios.

“Concluímos que há a necessidade de uma agenda política com planejamento estratégico e ações concretas urgentes para alterar a realidade atual. Além de reforçar as campanhas, a área técnica do TCE-ES defendeu que é preciso que de fato sejam ofertados os serviços de mamografia de rastreamento em quantidade e tempo adequados para atender a demanda da população capixaba. Diversas recomendações podem ser encaminhadas aos secretários municipais de saúde, após a votação do processo pelo Plenário”, finalizou a área técnica.