Especialistas da saúde têm afirmado que as medidas anunciadas pelo governador Renato Casagrande, nesta terça-feira (16), podem ser insuficientes para conter o avanço da Covid-19 no Espírito Santo. Com mais de 20 atividades consideradas essenciais pelo decreto, incluindo a abertura de hotéis e igrejas, eles defendem que a circulação dos capixabas não diminuirá o bastante para evitar o contágio em massa.
Na comparação com março do ano passado, quando o comércio também ficou fechado, agora há mais atividades que funcionarão normalmente. Entre eles, estão a produção industrial, pet shops e lojas de construção civil e insumos agrícolas. Os hotéis, por exemplo, não abriram as portas durante meses em 2020. A partir desta quinta-feira (18), no pior momento da pandemia, poderão receber até 50% de sua capacidade de ocupação.
A pneumologista Cilea Aparecida Martins encara essas medidas, em parte, como incoerentes. Para ela, com o ampliamento das atividades, muitas pessoas vão continuar trabalhando de forma presencial, o que aumentará o fluxo dentro dos ônibus e nos pontos de circulação permitidos pelo decreto.
“Não faz sentido, por exemplo, fechar supermercados e padarias aos domingos. E quem trabalha no dia seguinte? Vai ter que todo mundo se aglomerar no sábado, para garantir o que comer durante a semana? Diversos capixabas continuarão trabalhando de segunda a sexta-feira, não possuem tempo para ir fazer compras.. E, ao mesmo tempo, não vejo a proibição de superlotação em praias, onde é muito mais fácil pegar o vírus, já que todo mundo fica sem máscara”, defendeu.
Se os capixabas aderirem ao isolamento, a pneumologista garante que em até 30 dias os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s) devem sentir uma diminuição na taxa de ocupação. “Quando tiramos as pessoas da rua nesses 14 dias, ganhamos pelo menos o período de incubação dos assintomáticos e de quem acabou de ter pegar a doença. Dá para ter um respiro na quantidade de leitos. O problema é ter todos os leitos ocupados, não a quantidade de infectados”, explica.
Nas redes sociais, a epidemiologista Ethel Maciel concordou que a desidratação das medidas podem acarretar o agravamento da situação no Estado.
“As empresas que movimentam muitas pessoas permanecerão abertas. Igreja aberta- essencial e hotel com 50% de ocupação. Não há rodízio de turnos, diminuição de jornadas e aumento de frotas de transporte coletivo. […] Para manter a coerência precisamos apontar os erros. Nenhuma medida de utilizar máscaras mais filtrantes. O tipo de medida que consegue desagradar a todos. Que triste!”, escreveu no Twitter.
Confira o posicionamento da epidemiologista Ethel Maciel para a Record News ES:
Por Maria Fernanda Conti