ES lidera casos de febre oropouche com 12 mil registros

Estado tem dois óbitos confirmados, segundo a Secretaria Estadual de Saúde; veja como se prevenir

Por Redação
Foto: Divulgação

Até 2023, a febre oropouche era considerada uma doença restrita aos estados da Região Amazônica. Mas, em 2025, o Espírito Santo – a quase 3 mil quilômetros de distância – se tornou o estado com maior número de casos do país.

De acordo com o boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgado em 24 de julho, foram confirmados 12.188 casos da doença e dois óbitos (um em Fundão, em setembro de 2024, e outro em Colatina, em janeiro deste ano). Outros dois óbitos seguem em investigação.

O número diverge dos 6.318 registros apontados pelo Ministério da Saúde. Mas a Sesa explica: a diferença ocorre porque os dados estaduais são atualizados diretamente com as notificações feitas pelos municípios, enquanto os números federais refletem registros consolidados posteriormente, o que gera defasagem.

Mosquito maruim e ambientes favoráveis à transmissão

Para o subsecretário estadual de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, a disseminação rápida no Espírito Santo está ligada ao perfil periurbano de grande parte dos 78 municípios, com áreas de plantação e vegetação próximas a zonas habitadas.

“Com mosquitos em abundância e uma população sem imunidade prévia, o vírus encontrou as condições ideais para se espalhar”, disse.

Cardoso destacou ainda que os primeiros casos coincidiram com o período da colheita do café, quando há grande circulação de trabalhadores de outros estados. “Eles passam uma semana em uma cidade e depois seguem para outra, o que facilita a transmissão”, explicou.

Enquanto pesquisadores buscam mapear as áreas de maior presença do mosquito, a Sesa tem intensificado o treinamento das equipes de saúde para identificar rapidamente os casos e diferenciar a febre oropouche de outras arboviroses, como dengue e chikungunya.

Doença tem sintomas parecidos com dengue e preocupa gestantes

A febre oropouche é causada por um vírus transmitido pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Os sintomas incluem febre, dores de cabeça, musculares e nas articulações – semelhantes aos da dengue.

Em gestantes, a infecção pode gerar complicações como microcefalia, malformações e até morte fetal. Por isso, o Ministério da Saúde recomenda que mulheres grávidas reforcem medidas de proteção contra o mosquito. Pessoas com sintomas também devem usar preservativo durante relações sexuais, mesmo que a transmissão por via sexual ainda não tenha sido comprovada.

Nova linhagem do vírus e impacto ambiental

Estudos do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificaram que a atual onda de casos no Brasil está associada a uma nova linhagem do vírus, originada no Amazonas e que se espalhou para outras regiões após circular pelo Norte.

Segundo o pesquisador Felipe Naveca, áreas de desmatamento recente no sul do Amazonas e norte de Rondônia serviram como pontos estratégicos para a dispersão. “Eventos climáticos extremos, como secas e cheias, também alteram o ecossistema do mosquito vetor, e isso tem relação direta com os surtos”, afirmou.

Um estudo internacional que analisou dados de seis países sul-americanos apontou que mudanças no clima, como variações de temperatura e chuva, foram responsáveis por 60% da disseminação da oropouche. Pesquisadores acreditam que o fenômeno El Niño teve papel determinante no surto iniciado em 2023.

Medidas de prevenção e monitoramento

O Ministério da Saúde reforçou o monitoramento da doença e realiza reuniões periódicas com os estados. Em parceria com a Fiocruz e a Embrapa, a pasta estuda o uso de inseticidas para controle do mosquito, com resultados preliminares positivos.

As orientações incluem uso de roupas compridas, sapatos fechados, telas de malha fina nas janelas e eliminação de matéria orgânica acumulada – ambiente propício para reprodução do maruim.

* Com informações da Sesa e Agência Brasil

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