Economia do ES cresce 2,3% em 2024; Findes explica os dados

Estado tem segundo ano de resultado positivo seguido de acordo com os dados do Observatório Findes

Por Redação

A economia do Espírito Santo teve um crescimento expressivo de 2,3% em 2024, conforme o Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes) do Observatório Findes. O avanço – pelo segundo ano consecutivo – reflete o bom desempenho de setores estratégicos como agropecuária, indústria e serviços, além da geração de empregos formais e um comércio exterior aquecido.

Segundo os dados, divulgados pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) nesta terça-feira (11), todos os setores econômicos do Estado cresceram ao longo do ano passado: agropecuária (7,4%), serviços (2,5%) e indústria (0,4%).

O presidente da Findes, Paulo Baraona, lembrou que o ano de 2024 começou com uma expectativa mais positiva, porém, o ano foi de desafios. A Taxa Selic, por exemplo, começou o ano em queda, mas no meio do caminho, mudou sua trajetória e terminou em alta, chegando a 12,15%.

“Apesar da elevação dessa taxa impactar o investimento, o tornando mais caro para o empresário, o ES vem recebendo projetos significativos a curto e médio prazo. Como o recentemente divulgado pela Petrobras (R$ 35 bilhões para o Espírito Santo até 2029); a implantação de um laminador de tiras a frio e uma linha de revestimento contínuo pela ArcelorMittal (R$ 3,8 bilhões); e a repactuação do contrato da ECO-101 com a ANTT (R$ 7 bilhões)”, explicou.

INVESTIMENTOS ATÉ 2030

Ainda de acordo com Baraona, atualmente, a Findes tem mapeado, na Bússola do Investimento, um montante superior a R$ 103 bilhões em investimentos produtivos confirmados até 2030.

“Cerca de 92,7% desse valor tem como origem capital misto ou privado. Além disso, do total a ser aportado, R$ 78,5 bilhões, ou seja, 75,8%, são provenientes do setor industrial capixaba. Isso mostra o quanto a indústria está se mobilizando e buscando manter o seu crescimento sustentável no Estado”, comentou.

E O ANO DE 2025?

A gerente executiva do Observatório Findes e economista-chefe da Findes, Marília Silva, apontou que para 2025, as perspectivas são mais moderadas. De acordo com a projeção realizada pelo Observatório Findes, espera-se um crescimento na atividade econômica do ES em torno de 0,5%.

“Aqui temos que observar alguns pontos. Por um lado, temos uma expectativa de aumento da produção de minério de ferro e da produção de petróleo e gás no Estado, contribuindo positivamente com o resultado. Por outro, a bienalidade negativa do café, a expectativa de taxa de juros elevada, os efeitos da política estadunidense e a estabilidade no crescimento econômico global podem ser desfavoráveis para o Espírito Santo. Vale lembrar que a projeção que fazemos pode mudar ao longo do ano, devido aos fatos novos que surgem na economia”, declarou a economista.

A economia capixaba cresceu pelo segundo ano seguido, de acordo com os dados do IAE-Findes. Em 2023, ela teve alta de 4,7% em relação ao ano anterior. Já em 2024 o crescimento foi de 2,3%.

ENTENDA TODOS OS DADOS

Indústria

Vista aerea da ArcelorMittal Tubarao – Foto: Mosaico Imagem/ArcelorMittal

O setor industrial capixaba avançou 0,7% em 2024. O desempenho do setor deve-se a: energia e saneamento (11,7%), construção (2,1%) e indústria de transformação (1,1%). A única atividade que contraiu no ano foi a indústria extrativa (-2%).

A economista-chefe da Findes explica que o avanço de 11,7% da atividade de energia e saneamento em 2024 foi puxado pelo aumento do consumo de energia elétrica, em função das temperaturas mais elevadas, somado ao estímulo ao consumo promovido pela bandeira tarifária verde, que ficou vigente de abril a julho e em dezembro de 2024.

“O crescimento de 2,1% da construção reflete o aumento da mão de obra no setor que, por sua vez, retrata o dinamismo positivo da construção no Espírito Santo. No ano passado, 7,8 mil pessoas estavam ocupadas no setor do Estado, segundo os dados do IBGE, o que representa um aumento de 5,5% em comparação com as ocupações em 2023”, explicou.

Já o avanço de 1,1% na indústria de transformação foi puxado pelas altas de 5,1% do setor de metalurgia e de 4,2% do setor de fabricação de coque e de produtos derivados do petróleo. Entretanto, as produções de celulose e papel (5,8%), de produtos de minerais não-metálicos (-1%) e de produtos alimentícios registraram variações negativas (-0,9%) recuaram.

“No caso da Metalurgia o crescimento de 5,1% foi impulsionado por uma economia brasileira aquecida, que estimulou a produção de produtos de aço utilizados como insumo para a produção de bens de consumo duráveis e bens de capital. De acordo com o Instituto Aço Brasil, a produção de aço bruto no Espírito Santo foi de 7,4 milhões de toneladas em 2024, um crescimento de 5% na comparação com o ano anterior”, apontou Marília Silva.

O único segmento industrial que retraiu em 2024 foi a indústria extrativa (-2%). Apesar da atividade de pelotização do minério de ferro ter crescido 8,9% no ano, a alta não foi suficiente para minimizar totalmente o resultado da atividade de petróleo e gás natural (- 8,8%).

O gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, Nathan Diirr, apontou que, de acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Espírito Santo produziu uma média de 154,9 mil barris de petróleo por dia em 2024, o valor é 8,8% abaixo ao registrado na média diária do ano anterior. Já a produção de gás natural no Estado alcançou a marca de 3,6 milhões de metros cúbicos (m³) por dia em 2024, queda de 12,8% na média diária em relação a 2023.

“As perspectivas para este ano este ano são de melhoria nesse cenário. O FPSO Maria Quitéria entrou em operação no final do ano passado, o que pode contribuir para melhorar o desempenho da produção de petróleo e gás natural ao longo deste ano. A embarcação, que tem capacidade de produzir até 100 mil de barris de petróleo por dia e de processar até 5 milhões de m³ de gás, será interligada a um total de oito poços produtores e oito injetores. Espera-se também uma maior produção de pelotas de minério de ferro ocasionada pela reativação da Usina 3 da Samarco, que estava parada desde 2015, e pelo aumento da produção de pelotas e briquetes pela Vale, que anunciou uma previsão de produção entre 38 milhões e 42 milhões de toneladas em 2025”, explicou Nathan Diirr.

Agropecuária

O resultado expressivo de 7,4% da agropecuária foi motivado pelas expansões de 8,3% da agricultura e de 5,2% da pecuária em 2024.

Vale lembrar que a agricultura foi positivamente influenciada pela maior produção de café (arábica e conilon), principal lavoura do setor no Espírito Santo. Isso porque o ano 2024 foi marcado pela chamada “bienalidade positiva” da lavoura do café, ou seja, quando há maior produtividade na colheita do grão. Já a pecuária foi impulsionada, principalmente, pela maior produção de suínos, bovinos e as atividades relacionadas à produção de aves e ovos.

Serviços (comércio, serviços e transporte)

Foto: Divulgação

Já no setor do setor de serviços houve um crescimento de 2,5% em 2024. O resultado foi influenciado por todas as atividades que o compõem: transporte (9,8%), demais atividades de serviços (2%) e comércio (1,5%).

Um destaque foi o fato de que o mercado de trabalho favorável, a elevação da massa salarial da economia e o aumento do transporte de cargas ajudaram a explicar o desempenho do setor de serviços no Estado. “Temos visto nos últimos anos a aceleração do crescimento do Estado com relação ao uso do seu potencial logístico”, disse Marília.

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