Diretor do Flamengo compara pressão no clube com o Palmeiras

José Boto disparou aspas ríspidas em entrevista ao podcast No Princípio Era a Bola: 'Não tem a nossa grandeza'

Por Agência Estadão
Foto: Reprodução/Flamengo

Apesar do ano extremamente vitorioso, que terminou com as conquistas do Campeonato Brasileiro e da Copa Libertadores da América, o Flamengo tem um ponto para refletir. O clube rubro-negro pouco utilizou atletas das categorias de base no elenco profissional, o que causou nova polêmica com o Palmeiras.

Em entrevista ao podcast No Princípio Era a Bola, do jornal Tribuna Expresso, de Portugal, o diretor de futebol do Flamengo, José Boto, falou sobre a situação. O dirigente fez uma comparação com o Palmeiras, ao salientar a pressão sofrida pelo clube carioca.

“(Sobre a paciência com jogadores de base) Nisso o Palmeiras está mais à frente. Não em ter melhores jogadores na formação, é na transição que faz para o nível profissional. Nós vamos tentar caminhar nesse sentido. Uma das coisas que fizemos foi com o Alfredo (Almeida, diretor das categorias de base), para ter ligação direta conosco. Sabendo que são contextos completamente diferentes. O Palmeiras, apesar da grandeza que tem, não tem a grandeza do Flamengo. Vou dar um exemplo: nós tivemos que fazer dois jogos com um sub-17 (João Victor) de defesa central, que não esteve mal, mas teve ali um deslize que mataram. Vai ser um zagueiro top, de Europa, em cinco, seis anos. Mas ali mataram, vai ser muito difícil voltar a jogar ali com o nível de confiança que um menino daquela idade precisa”, disse Boto.

“Nós temos que levar isso em conta, e se calhar perceber que o mais correto não é ir buscar outro defesa central, porque aquele tem um potencial enorme. Mas se calhar, o mais correto naquele contexto é irmos comprar outro central e vendê-lo, deixando uma porcentagem grande para nós deste jogador. A pressão no Palmeiras é diferente do Flamengo. Não estamos a falar de o jogador não estar pronto para jogar. Estamos a falar de irem à rede social do jovem, da mãe, darem cabo dele, dizerem que fez de propósito. Coisas completamente loucas que não estamos habituados na Europa”, criticou.

José Boto previu uma temporada de 2026 ainda mais desafiadora para o Flamengo. O dirigente enfatizou as fortes cobranças que cercam o clube carioca, mesmo depois de um ano recheado de conquistas.

“Acho que a temporada vai ser mais difícil porque não é fácil repetirmos o que fizemos. Conhecendo eu, a imprensa e a torcida, eles vão exigir o mesmo e mais ainda, mesmo que não exista mais para ganhar. É bom porque o presidente tem a noção, nós vamos entrar para ganhar, mas não são todos os anos que se repete isso. Existem as duas competições que são fundamentais para nós, o Brasileirão e a Libertadores. Sabendo que a Libertadores, como toda competição eliminatória, é mais difícil de prever. Por isso, nosso objetivo sempre é sermos campeões do Brasileirão”, discursou.

Boto afirmou que o elenco flamenguista pode sofrer algumas mudanças. O dirigente, porém, citou reforços pontuais, descartando qualquer tipo de “revolução” no time comandado por Filipe Luís.

“A grande preocupação que tenho é a quantidade de férias que os jogadores vão ter para que eles limpem a cabeça. Temos tudo planejado para que o elenco seja melhor. Nunca existe um plantel perfeito, há sempre coisas a ajustar, mesmo quando achamos que está ótimo. Temos tudo isso planejado, mas não vai ser fácil repetir uma temporada como essa. (Elenco) É importante nós irmos ao longo deste percurso vendo que tipo de rendimento alguns jogadores são capazes de dar ou não, e irmos ajustando com calma, sem grandes revoluções. Porque há essa parte emocional que tem um peso enorme no Brasil e não tem tanto aqui na Europa”, mencionou.

Segundo o diretor, o Flamengo olha cada vez mais para o mercado europeu para tentar contratar jogadores. “Claramente, o mercado sul-americano é neste momento pequeno para aquilo que é a realidade do Flamengo e a cultura do Flamengo. Não quer dizer que não haja no Brasil, na Argentina, no Equador, jogadores com muito potencial. Mas no Flamengo tem que trazer jogadores prontos para jogar, pela pressão que é. Isso é outra coisa que influencia muito: se não lida bem com pressão, com o Maracanã cheio, uma imprensa agressiva todos os dias… E é óbvio que jogadores com mais bagagem, mais experiência, suportam isso melhor do que outros. Além dessa ideia, há também uma ideia de trazer uma cultura mais europeia para dentro do clube”, complementou.

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