Desabamento em shopping reforça importância de vistorias preventivas

Uma parte do teto do Osasco Plaza Shopping, na Grande São Paulo, desabou no corredor principal da praça de alimentação, na tarde desta quarta-feira (8). Câmeras de monitoramento ainda revelaram que o chão do estacionamento, localizado no andar superior, cedeu e engoliu cinco carros, comprometendo a estrutura do prédio.

Apesar do susto e da correria entre frequentadores e funcionários, ninguém ficou ferido. O abalo estrutural na laje provocou o rompimento de uma rede de água, como mostram vídeos registrados por frequentadores. O shopping foi completamente interditado pela Defesa Civil Municipal e pela Polícia Civil, e será periciado na manhã desta quinta-feira (9).

Para engenheiros ouvidos pelo R7, o episódio acende uma alerta sobre a importância da realização de inspeções de segurança periódicas e preventivas, principalmente em empreendimentos com fluxo intenso de pessoas como o shopping.

“É necessário seguir um projeto inclusive de manutenção periódica. Infelizmente aqui [no Brasil], existe o mal hábito de achar que, após a construção, está pronto, e não precisa mexer nunca mais [no prédio]. E não é assim que funciona”, afirma o engenheiro Marcos Moliterno, vice-presidente do Instituto de Engenharia.

“As vistorias são importantes para antecipar esse tipo de situação. Esse fato também evidencia a necessidade de medidas preventivas”, complementa o engenheiro civil e conselheiro do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo) Joni Matos Incheglu.

Nesta manhã, agentes do Crea-SP vão até o shopping para apurar quem são os responsáveis técnicos pela obra e pela manutenção do empreendimento. A função do órgão é fiscalizar as atividades dos profissionais e verificar se estão habilitados para o trabalho com registro.

Inaugurado em 1995, o Osasco Plaza Shopping passou por uma reforma dez anos atrás, de acordo com a Prefeitura de Osasco. A laje onde funcionava o estacionamento, no piso superior, foi construída para fechar uma claraboia.

Para o engenheiro Marcos Moliterno, analisando de forma preliminar as imagens do ocorrido, é difícil uma estrutura tão sólida apresentar um problema grave de forma tão repentina, sem dar sinais ao longo do tempo.

O vice-presidente do Instituto de Engenharia pontua que caso a estrutura do shopping já estivesse “estressada”, o colapso da laje poderia ter sido provocado por um gatilho. “Se tivesse um carro manobrando lá em cima, mas nem isso tinha. As cargas estavam estáticas. Se você tem uma carga dinâmica passando, como uma caminhonete mais pesada, mas não teve”, explica.

O conselheiro do Crea-SP também aponta que, no circuito de segurança, a estrutura da laje aparenta ser frágil e sem concreto armado, material que costuma ser utilizado nesse tipo de construção. Entretanto, apenas a perícia técnica poderá determinar as verdadeiras causas do acidente.

O caso foi registrado no 5° Distrito Policial de Osasco, que instaurou um inquérito policial, de acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública).

A gestão municipal informou que o Shopping Osasco Plaza está com a documentação correta junto à Prefeitura e também com o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) em dia. Entretanto, o prefeito Rogério Lins anunciou, após o desabamento, que o alvará de funcionamento foi cassado.

Um novo documento só será liberado mediante relatórios do Crea-SP, Polícia Civil, Defesa Civil e laudo técnico comprovando a ausência de riscos no local, segundo a prefeitura.

Esta não é a primeira vez que o shopping é palco de um desastre. Em 1996, um ano depois da inauguração, mais de 40 pessoas morreram após uma explosão na praça de alimentação do shopping.

“O Osasco Plaza Shopping informa que a queda de uma parte da laje ocorrida na tarde desta quarta-feira (8) não deixou vítimas ou feridos. O local foi isolado antes da queda, assim que o risco foi identificado pela administração. O empreendimento foi interditado para garantir a segurança de colaboradores e clientes. A administração segue comprometida em identificar as causas do ocorrido e dar suporte necessário aos lojistas e frequentadores para reestabelecer a normalidade o mais rapidamente possível.”