Augusto Melo concentra defesa em ex-ministro de Dilma

Augusto Melo dispensou o advogado Ricardo Cury

Por Agência Estadão
Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

O presidente afastado do Corinthians Augusto Melo anunciou nesta segunda-feira que o advogado Ricardo Cury não faz mais parte de sua defesa. Alvo de um processo de impeachment e indiciado no caso Vai de Bet, o dirigente será assessorado juridicamente por José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça da ex-presidente Dilma Rousseff.

Cury fazia parte da equipe jurídica de Melo desde a campanha eleitoral de 2023, que culminou na derrota de André Negão, representante do grupo político Renovação e Transparência. O advogado esteve ao lado do dirigente em duas entrevistas coletivas ao longo de maio, a segunda delas após o cliente ser indiciado por lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado por abuso de confiança.

Em nota, o escritório de advocacia Cury e Augusto Neves afirmou que deixa de trabalhar para Melo após discordâncias em relação à estratégia de defesa, alterada pelo cliente sem aviso.

“A estratégia de defesa foi reorientada nos últimos dias por outros colegas e ações foram decididas e executadas sem que o nosso escritório tivesse ciência prévia ou qualquer concordância. A atuação do escritório, desde o início, foi pautada pela serenidade, temperança, respeito aos órgãos e à institucionalidade do Corinthians e sustentação de argumentos jurídicos sólidos”, diz um trecho do texto.

“Seguro da consistência das teses de defesa e estratégias construídas ao longo de vários meses de trabalho, mas desautorizado na mudança abrupta de rumo e alijado do processo de decisão, o escritório renuncia a todos os poderes que lhe foram outorgados e deseja toda a sorte para Augusto Melo no retorno à função presidencial para a qual foi eleito democraticamente”, conclui.

Cardozo, por sua vez, já auxiliava o presidente afastado em algumas questões pontuais. Contratado por Marcos Ragazzi e José Trucilio Junior, aliados de Melo, o ex-ministro tentou junto à Justiça de São Paulo uma liminar para que a votação do impeachment fosse suspensa, mas o pedido foi indeferido. Com isso, no dia 26 de maio, a destituição foi aprovado por 176 votos a 57 no Conselho Deliberativo do clube.

Responsável por defender Dilma no processo que levou ao impeachment da ex-presidente e filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), Cardozo também já foi deputado federal, advogado-geral da União e procurador do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

A troca de equipe jurídica ocorre no momento em que Augusto Melo tenta voltar ao poder no Corinthians. Embora o impeachment tenha sido aprovado pelo Conselho Deliberativo, falta ainda que a decisão seja referendada pela Assembleia de sócios, marcada para o dia 9 de agosto.

O dirigente fica afastado até lá, mas tem se movimentado para reassumir a presidência, a ponto de causar grande confusão no Parque São Jorge, sede social do clube, no sábado. Melo alega que o presidente do Conselho, Romeu Tuma Júnior, está suspenso desde o dia 9 de abril e, por isso, todas as ações tomadas por ele desde a respectiva data têm de ser anuladas, inclusive a condução do processo de impeachment.

Primeira secretária do Conselho Deliberativo, Maria Angela de Sousa Ocampos se autoproclamou presidente interina do Conselho após a divulgação de um documento que determinava o afastamento de Romeu Tuma Júnior, fruto de dois processos disciplinares movidos pelo conselheiro Roberto William Miguel, mais conhecido como Libanês.

Roberson de Medeiros é o vice de Tuma Jr. e seria o sucessor, mas pediu afastamento por licença médica, por isso a função foi reivindicada por Ocampos, que é aliada de Melo. Tuma Jr. diz que não foi notificado e entende que não pode ser afastado porque o tema, votado apenas no Comitê de Ética, não foi apreciado pelo plenário do Conselho Deliberativo.

No domingo, Augusto Melo confirmou, via assessoria de imprensa, que sua defesa vai tomar medidas judiciais para validar a decisão. Antes de acionar instâncias externas ao clube, a defesa do dirigente encaminhou uma carta aos conselheiros, na qual pede a recondução imediata ao cargo de presidente e a anulação da Assembleia de sócios na qual pode ser referendado seu impeachment, marcada para o dia 9 de agosto.

“Afirmo que, se necessário for, lutarei com todas as minhas forças, até as últimas instâncias deliberativas do nosso clube ou da Justiça brasileira, para manter o mandato para o qual fui democraticamente eleito e do qual algumas pessoas, por interesses feridos ou inconfessáveis, com evidente truculência, pretendem me afastar de modo ilegal”, diz o texto.

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