No comunicado divulgado após a reunião, o Copom cita o “ambiente externo desafiador” – “principalmente, da conjuntura econômica interna nos Estados Unidos”, que levanta dúvidas sobre a postura do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) – e reforça a preocupação com o quadro fiscal no Brasil. No momento em que o governo promete a apresentação de um pacote para redução de gastos, o Copom defende a “apresentação e execução de medidas estruturais para o Orçamento fiscal”.
“O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o Orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz trecho do documento.
Ministros e integrantes do PT têm resistido ao anúncio de medidas de corte de despesas, por exemplo, em áreas sociais – que estão no foco da equipe econômica. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que uma reunião marcada para esta quinta-feira, 7, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve definir as medidas.
O Copom não deu indicações para as próximas reuniões. “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação”, diz o comunicado. As projeções de inflação do Copom aumentaram para todo o horizonte contemplado. A estimativa para o IPCA de 2024 saltou de 4,3% para 4,6%, já acima do teto da meta (de 4,5%). E a estimativa para 2025 subiu de 3,7% para 3,9%, mais distante do centro do alvo (de 3%).
Os analistas veem novos aumentos da Selic à frente. A Armor Capital, por exemplo, elevou para 13% sua projeção para a taxa no fim do atual ciclo de alta – que iria até maio de 2025. O economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, projeta que os juros básicos poderão subir até março e chegar a 12,5%. Já o economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio Leal, diz que “cenários em que os juros tenham de ir além dos 13% (…) vão ganhar força” a depender da repercussão do pacote de corte de gastos prometido pelo governo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.