Um grupo de cientistas divulgou nesta sexta-feira, 21, um comunicado criticando fortemente a ausência do chamado “mapa do caminho” para o afastamento dos combustíveis fósseis no rascunho de um dos textos centrais resultantes das negociações no âmbito da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). O grupo fala em “traição à ciência”.
O tema, pela expectativa, deveria ser tratado no documento cunhado como “Decisão Mutirão”, que reúne justamente os pontos mais sensíveis que não constavam da agenda inicialmente prevista para discussão oficial entre países. Um número próximo de 80 países se uniram em torno da ideia de um roteiro para acabar ou reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
Contudo, as palavras “combustíveis fósseis” estão ausentes do texto mais recente. “Isso é uma traição à ciência e às pessoas, especialmente aos mais vulneráveis, além de totalmente incoerente com os objetivos reafirmados de limitar o aquecimento a 1,5°C e com o quase esgotamento do orçamento de carbono”, diz o comunicado.
O posicionamento é assinado por Carlos Nobre, do Science Panel of the Amazon; Fátima Denton, da United Nations University; Johan Rockström, do Potsdam Institute for Climate Impact Research; Marina Hirota, do Instituto Serrapilheira, Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo; Piers Forster, da University of Leeds; Thelma Krug, Presidente do Conselho Científico da COP30.
“É impossível limitar o aquecimento a níveis que protejam as pessoas e a vida sem eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento. Nessas últimas horas, os negociadores devem trabalhar juntos para recolocar no texto os roteiros para um futuro mais seguro e próspero. A ciência está aqui para ajudar”, apontam.
Hoje é o último dia para negociação, com expectativa de postergar as tratativas para sábado.




