A construção de 16 tanques para armazenamento de combustíveis no Porto de Capuaba, em Vila Velha, tem causado apreensão entre os moradores dos bairros Ilha das Flores e Paul. Segundo relatos da comunidade, os reservatórios estão sendo erguidos a cerca de 50 metros de uma escola e de áreas residenciais, o que tem levantado sérias preocupações quanto à segurança e à saúde de quem vive por lá.
A obra, segundo os moradores, avançou sem diálogo prévio com a população. Epaminondas Simões Gomes, diretor de esportes do bairro Ilha das Flores, afirma que a comunidade não foi consultada. Ele denuncia que, de forma extraoficial, os moradores souberam que a liberação da construção teria ocorrido como parte de um acordo informal: em troca da instalação dos tanques, a prefeitura construiria um miniestádio na região.
“O nosso medo é uma explosão ou um incêndio. Não pediram nenhuma audiência com a comunidade, não fizeram nenhuma reunião com a gente e simplesmente estão instalando os tanques. Todos os moradores daqui são contra. Aí vão fazer esse toma lá dá cá por um campo de futebol? O bairro tem muitas outras carências, ninguém iria querer trocar uma bomba-relógio dessas por um campo de futebol”, conta Epaminondas.
O receio dos moradores vai além do risco de acidentes envolvendo material inflamável. Uma moradora, que preferiu não ser identificada, afirmou que os transtornos já começaram antes mesmo da conclusão da obra. “Está causando risco nas estruturas da casa, os barulhos deles furando o chão parece que tudo treme”, relata.
Jadson Cardoso, pedreiro e proprietário de um terreno próximo à área das obras, relata prejuízo financeiro. Segundo ele, um possível comprador desistiu do negócio ao saber da construção dos tanques. “Ele não deu nem preço depois que soube, a construção desvalorizou a área”, desabafa.
Tanques perto de escola e casas
A situação se torna ainda mais delicada ao observar a proximidade dos tanques com uma escola pública. A Rua Vasco Alves de Oliveira, no bairro Ilha das Flores, é um dos pontos mais afetados. De um lado da via, residências e comércio; do outro, a construção dos tanques. A distância é de cerca de 50 metros. Além do medo de um possível acidente, os moradores temem que o cheiro constante de combustível comprometa a saúde de crianças e idosos da região.
“O vento vai jogar o cheiro de combustível direto na escola. Vai ser óleo diesel, gasolina, não sabemos se vai ter soda cáustica também, as crianças vão passar mal todo dia desse jeito”, complementou Epaminondas.
Empreendimento diz ter licenças; prefeitura confirma
Em nota, a empresa responsável pela obra, Navegantes Logística Portuária, afirmou que possui todas as licenças necessárias emitidas pelo órgão ambiental estadual e que realizou todos os estudos técnicos exigidos pelas autoridades competentes.
A empresa também informou que já iniciou uma agenda de reuniões com lideranças das 13 comunidades do entorno, incluindo Ilha das Flores, e que estão previstas ações para esclarecimento e diálogo com os moradores.
A Prefeitura de Vila Velha também confirmou que o projeto está de acordo com a legislação vigente, possui alvará de construção e conta com Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).
- Com informações de Lucianny Scarpatti, da TV Sim/SBT
