Confiança e Liderança: caminhos que se cruzam

A confiança nas autoridades e nas instituições está em declínio há muitos anos. E, por conta de uma confiança mal depositada, muitas vezes ficamos com a obrigação de defender o indefensável, nos levando junto com o descrédito de que não participamos da construção, mas do seu nascimento. Daí surge o verdadeiro repúdio cada vez mais generalizado no ambiente político do nosso país.

De outro lado, as lideranças apostam nesta ânsia de depósito de confiança ao invés da difícil tarefa que é demonstrar o quanto têm competência, honestidade e capacidade de chegar à confiança das pessoas para as funções que pretendem exercer.

Precisamos entender que a liderança deve ser exercitada diariamente e este é o grande desafio, tanto na política quanto nas instituições. O bom líder deve demonstrar confiabilidade em todo momento e em qualquer nível, deve honrar a crença e a confiança que foram depositadas pelas pessoas, por meio de práticas de liderança. Deve mostrar claramente suas vulnerabilidades e se cercar de pessoas que também demonstrem confiabilidade nas atribuições que lhe são conferidas.

Este é o grande desafio dos pleitos eleitorais políticos e institucionais: conseguir iniciar a mudança de percepções e de estrutura de pensamento sobre o que é bom e ruim de acordo com seu tempo e necessidade, procurar confiabilidade e não entregar a confiança para ter que defendê-la.

Pois quem é bom para um período e para uma função pode não ser útil em outro período e para outras necessidades, e, da mesma forma, os líderes devem confiar que suas ações resultem no objetivo que sua confiabilidade lhe serviu. É isso que deveríamos buscar, é isso que deveríamos exigir.

Vimos em todas as ordens esta descrença como um sinal de ausência de sentimento de pertencimento, uma ausência de credibilidade que é transferida para tudo e todos, porque viemos de muitos anos de rotina de descrédito institucional e pessoal e isso cansa, nos faz desistir. Principalmente quando em momentos difíceis a liderança se apequena e não enfrenta tudo e todos em favor dos seus liderados.

Precisamos retomar esta credibilidade e talvez seja o momento de estabelecer o que queremos e necessitamos para este momento em cada local de escolha, e para cada função que será exercida. Precisamos com urgência restituir as instituições e os cargos eletivos com pessoas que queiram prestigiar exclusivamente o coletivo em detrimento do pessoal. Do contrário, a ladeira do descrédito é infinita e sempre tem mais a ser percorrida.