Chineses caem no fim e levam incrível virada do Japão na final por equipes da ginástica

Por Rodrigo Gonçalves

Com três anos de atraso e uma virada impressionante e emocionante, decidida somente na última apresentação, os japoneses Hashimoto Daiki, Oka Shinnosuke, Sugino Takaaki, Kaya Kazuma e Tanigawa Wataru comemoraram a conquista do ouro na final masculina por equipes da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris-2024. Vice campeões nos Jogos de Tóquio, disputado em 2021, diante justamente da China, a conquista só foi possível por três quedas dos oponentes asiáticos no último aparelho, a barra fixa, na qual uma vantagem de mais de três pontos acabou sendo desperdiçada.

Su Weide, Xiao Ruoteng, Zhang Boheng, Zou Jingyuan e Lui Yang fizeram apresentação impecável até o quinto aparelho. No sexto e último, a barra fixa, na qual os japoneses são disparados os melhores do mundo, viram a pressão por bom resultado custar caro. Com três quedas, sendo duas de Weide (cada uma custa um ponto), acabaram ultrapassados, com 259,594 pontos contra 259,062.

A final por equipes masculinas começou com mudança na regra e todas as notas dos três atletas de cada time por modalidade sendo válidas – antes havia um descarte. O chinês Su Weide era a esperança na disputa com o forte time do Japão pelo topo do pódio, e os Estados Unidos, enquanto Ucrânia, Inglaterra e Canadá brigavam por medalhas. Itália e Suíça corriam por fora. Atuais campeões olímpicos, os russos não puderam defender o título por causa da guerra com os ucranianos.

O japonês Shinnosuke Oka deu show no fechamento da primeira rotação, com 14,833 no solo. Mesmo assim, a equipe da Inglaterra fechou a série inicial em primeiro, com Jake Jarman e Joe Fraser liderando no cavalo com alças, com 14,133 e 13,933 respectivamente.

A segunda rotação veio com os Estados Unidos superbem no salto e com a Japão se destacando no cavalo com alças – nas finais, todos os aparelhos (solo, argolas, paralelas, barra fixa, cavalo com alças e salto), são disputados ao mesmo tempo, com cada seleção em uma plataforma diferente. Nas argolas, os chineses Jingyuan e Liu Yang eram destaque.

Após duas rotações, os Estados Unidos tinham 86,764, diante de 86,098 da China e de 85,598 do Japão, prejudicado por queda no cavalo com alças do atual campeão olímpico, Daiki Rashimoto (apenas 13,100). O Canadá aparecia com 85,331, em quarto.

Com notas incríveis na terceira rotação, com um incrível 15,500 de Liu Yang nas argolas, a China assumiu a liderança com 131,364 pontos, ultrapassando os Estados Unidos, com 130,163 e a Grã-Bretanha subindo para terceiro. O Japão caiu para quinto.

Os chineses acabaram prejudicados no salto com queda de Zhang Boheng, mas se mantiveram no liderança, com 173,463 pontos. A Ucrânia, após brilho de Kovtun Illia nas paralelas, subiu para 173,030, encostando nos favoritos, passando os EUA, em terceiro com 172,528.

Soberanos nas paralelas, os chineses viram a linda série de Boheng ser prejudicada um pouquinho pela saída com desequilíbrio. Mesmo assim, somou 15,100. Zou Jingyuan, campeão no aparelho e considerado o “rei das paralelas”, foi ainda melhor, com 16,000, levando a China para 219,296. Os Estados unidos tinham 215,327.

Sob pressão após boas notas dos concorrentes, sobretudo a subida do Japão, e com os Estados Unidos no cavalo, onde vão bem, a China iniciou no último aparelho, a barra fixa, com saída ruim de Ruoteng. Bateu o joelho no chão, o que considera queda, reduzindo sua nota para 13,433. Para piorar, Weide, sua estrela, sofreu duas quedas e apenas 11,600.

Com apresentação perfeita de Daiki Hashimoto, ginasta mais completo do mundo, e 14,566, os japoneses começaram a vibrar, confiantes na virada ao fecharem com 259,594. Foram muitos abraços entre os companheiros, enquanto a China não escondia a apreensão. Os Estados Unidos também estavam garantidos no pódio com belas notas no cavalo com alça e 257,793 no total.

Hashimoto pediu silêncio da torcida por respeito a Zhang Boheng, que fecharia as finais. O ginasta foi para a última apresentação necessitando tirar 15,265 de vantagem dos japoneses. Na eliminatória ele fez 15,133, a nota mais alta da fase. Somou ‘apenas’ 14,733 e a virada improvável ocorreu. Os japoneses celebraram o ouro com muito choro, com a China desolada com a prata e bronze aos americanos.

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