Um estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com a consultoria Ex Ante, alerta para um futuro de escassez hídrica no país. Segundo o levantamento, o Brasil poderá enfrentar, em média, 12 dias de racionamento de água por ano até 2050.
Em regiões mais áridas, como partes do Nordeste e do Centro-Oeste, o período pode ultrapassar 30 dias.
A pesquisa projeta que, mantendo o atual índice de perdas na distribuição, a produção de água tratada precisará aumentar 59,3% até 2050 para atender à demanda.
Somente em 2023, mais de 7 bilhões de metros cúbicos de água tratada foram desperdiçados, volume suficiente para suprir toda a necessidade adicional prevista para as próximas décadas.
Além do crescimento populacional e econômico, a expansão da urbanização e o aumento das temperaturas devem elevar o consumo. Estima-se que, para cada grau Celsius a mais, a demanda por água cresce 24,9%. Até 2050, a temperatura máxima média no país deve subir cerca de 1°C — o que, por si só, deve gerar um aumento de 12,4% no consumo.
Mudanças climáticas são agravantes
A demanda por água no país será fortemente influenciada pela expansão urbana, pela universalização do saneamento e pelo crescimento econômico. Para cada aumento de um ponto percentual na urbanização de um município, o consumo de água cresce 0,96%.
Atualmente, o Brasil consome 10,7 bilhões de metros cúbicos de água tratada por ano, o equivalente a 175 litros diários por pessoa. Com a universalização do abastecimento e o crescimento da economia, esse volume deverá aumentar 59,3% até 2050.
As projeções climáticas indicam uma redução média de 3,4% na disponibilidade de água nas cidades brasileiras. Com menos dias de chuva e precipitações mais intensas, a oferta tende a cair, especialmente nas regiões já afetadas pela seca.
A combinação entre crescimento da demanda e restrição de oferta traz o risco de desabastecimento e maior pressão sobre as fontes de água doce.
“Os dados reforçam a tendência de aumento no consumo e a necessidade de agir imediatamente para reduzir perdas e planejar o uso sustentável da água. Onde já enfrentamos escassez, a falta de água pode durar mais de 30 dias, com impactos severos na saúde e na qualidade de vida”, afirmou Luana Pretto, presidente executiva do instituto.
Para evitar o agravamento da crise, o estudo recomenda investimentos em infraestrutura e medidas de eficiência na gestão dos recursos hídricos.
Segundo o Instituto Trata Brasil, o enfrentamento do problema exige planejamento integrado e prioridade política. “É fundamental agir agora para garantir que o país chegue a 2050 com água suficiente para todos”, conclui Luana Pretto.





