BIG DATA E SEGURANÇA PÚBLICA

Se há uma lição que aprendemos tão logo somos submetidos às cobranças em nosso trabalho – seja ele qual for – é que não é possível obter bons resultados sem um planejamento adequado e sem conhecer os problemas a serem enfrentados.

Ou seja, uma estratégia organizacional bem definida com seus desdobramentos e objetivos a serem alcançados e um bom diagnóstico, são essenciais nesse contexto.

Conhecer o problema significa entender suas causas, consequências e quais são as ações que podem dar as melhores respostas para solucioná-lo.

Para tanto, é preciso, medir, monitorar indicadores de gestão e de resultado, avaliar o impacto das ações, fixar metas a serem alcançadas, etc.

Usar e abusar de informações para melhor gerir em um mundo tradicionalmente refratário à mudanças ou às novidades que possam tirar alguém – se não todos –  da chamada “zona de conforto” é um grande desafio para os gestores públicos ou privados.

É preciso evitar, entretanto, o que chamo de “protocolo pelo protocolo”, uma espécie de efeito paralisante resultante do preenchimento de relatórios de missão ou registros de ações que não terão qualquer impacto no resultado finalístico desejado.

Todo cuidado com a burocracia desnecessária, é pouco. Atenção máxima com a perda de tempo com relatórios inúteis ou registros minuciosos de operações com resultado duvidoso para segurança da população ou para qualquer outra finalidade.

No caso da segurança pública, por exemplo, o uso de ferramentas modernas de gestão é útil não somente para aferir a produtividade do policial em termos quantitativos (apreensões de armas, drogas, prisões em flagrante, etc.), quanto para medir a qualidade do esforço empreendido (prisões de homicidas contumazes, resolutividade de inquéritos de crimes prioritários, etc.) ou ainda para facilitar o processo de integração no nível operacional das polícias (quando se mede a quantidade de operações planejadas e executadas de forma integrada).

O crime é, geralmente, um evento altamente concentrado no tempo e no espaço, ou seja, obedece a um padrão com lugares e horários muito coincidentes. Isso é normalmente revelado nos chamados “mapas do crime” e seus hotspots, nos quais as chamadas “manchas criminais” chamam a atenção dos profissionais de polícia e são usadas para efeito de planejamento das ações operacionais.

Das tachinhas pregadas em mapas da antiga cidade de Chicago, aos modernos mapas digitais que concentram as mais diversas ocorrências policiais, a evolução da gestão na área da segurança pública sempre esteve relacionada ao bom manejo de dados e informações.

Com o emprego eficiente das informações extraídas da análise dos indicadores, associada às informações decorrentes das investigações criminais ou dos serviços de inteligência, o trabalho investigativo ou do policiamento ostensivo-preventivo diminui sua margem de erro.

Assim temos que as ações de prevenção à criminalidade ou de repressão qualificada dos crimes assumem contornos úteis e eficazes quando se abandona a improvisação e o achismo e se pensa segurança pública com base em evidências reveladas pelo melhor uso da informação (big data).