Uma história que deveria marcar o início de uma nova fase para um casal da Serra se transformou em um verdadeiro trauma. A chegada da filha tão esperada, Maria Alice, deixou marcas profundas: físicas para mãe e bebê, e emocionais para toda a família. Segundo a mulher, ela e a filha foram vítimas de falha médica.
Em reportagem exibida no Alô Espírito Santo, na TV Sim/SBT, nesta terça-feira (20), Camila Lopes contou que no dia 12 de maio deu entrada no Hospital Municipal Materno Infantil da Serra para realizar a cesariana agendada. Tudo havia sido planejado com cuidado. Ela elaborou um plano de parto detalhado, com expectativas de um momento calmo e tranquilo.
Mas, segundo o relato dela, a emoção do momento rapidamente deu lugar ao desespero. A bebê não estava na posição ideal para o nascimento e, segundo ela, a equipe médica começou a fazer força excessiva sobre seu abdômen e, em determinado momento, a maca chegou a se movimentar com a pressão.
“Eu senti a maca balançar muito e eles mexerem muito. A gente escutava o tempo todo eles falando ‘gira, gira’, ‘procura a cabeça’, e ao mesmo tempo que o médico instruía a residente, eles conversavam sobre o dia a dia, faziam brincadeiras. Minha barriga ficou bem roxa, agora que está passando, depois de oito dias. Também estou começando a sentir muita dor, não aguento nem encostar”, conta a mãe.
Ainda segundo Camila, o obstetra responsável decidiu puxar a bebê por uma das perninhas — conduta que chamou a atenção de uma médica residente. Ao questionar o procedimento, a resposta do médico foi alarmante: “Em determinado momento ela falou que não estava achando a cabeça da neném e o médico mandou puxar pela perna. Aí ela disse ‘mas doutor, é errado’, e ele falou ‘mas é vocês me verem errando que vocês vão aprender, puxa pela perna’. Aí foi a hora que puxou e a maca deu um solavanco”, disse a mulher.
O resultado foi que Maria Alice nasceu com o fêmur da perna direita fraturado. A bebê precisou engessar a perna e, nos próximos dois meses, deve enfrentar limitações nos movimentos. O medo dos pais é que a menina tenha sequelas no futuro.
Pais afirmam que houve negligência
A denúncia dos pais inclui, além da violência obstétrica, negligência no pós-parto. Inicialmente, segundo eles, os profissionais tentaram justificar o problema como possível má formação por causa da posição intrauterina. Mas os exames logo confirmaram a fratura causada no parto. O casal reclama ainda da demora no atendimento e da falta de preparo da equipe.
“Muita falta de empatia, fiquei quase 15 horas ali vendo minha mulher sofrendo com a chegada da minha primeira filha. Sempre quis ter uma menina, Deus abençoou e aí acontece uma coisa dessas?!”, conta Bruno Rafael, pai da bebê.
Hoje, Camila e Bruno vivem entre a preocupação com o futuro da filha e a indignação com a forma como foram tratados. “A gente só quer justiça. Estamos em contato com uma advogada, estamos juntando as documentações e vou abrir uma reclamação na ouvidoria do hospital pra deixar formalizado. E vou abrir reclamação em todos os lugares que eu puder abrir”, afirmou Camila.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde da Serra informou que tem conhecimento do ocorrido e que está apurando os fatos junto à organização responsável pela administração do hospital. “A Sesa informa ainda que preza pelas boas práticas no exercício da medicina e no atendimento aos usuários da rede municipal de saúde”, destaca.
* Com informações de Lucianny Scarpatti, da TV SIM/SBT