Autor dos ataques responderá por ato infracional a dez tentativas de homicídio e 4 assassinatos

O adolescente de 16 anos responsável pelos ataques a duas escolas de Aracruz na manhã de sexta-feira (25) responderá por ato infracional análogo aos crimes de 10 tentativas de homicídio qualificada e três homicídios qualificados (número que subiu para quatro) ambos por motivo fútil, considerados atos de perigo comum e com impossibilidade de defesa da vítima.

O atirador foi apreendido horas após o ocorrido na casa em que mora, em Aracruz, e confessou o crime no momento em que foi localizado. De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), ele foi encaminhado ao Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), em Cariacica, na Grande Vitória. As armas apreendidas foram entregues ao setor do Departamento de Criminalística – Balística da PCES, juntamente com as munições. O caso segue sob apuração da Polícia Civil.

Segundo a Polícia Civil, durante a apreensão, o adolescente não explicou o motivo dos ataques. Os investigadores trabalham com a hipótese de que o adolescente pode ter agido sob estímulo de grupos extremistas.

Como tudo aconteceu

Tiros disparados dentro de duas escolas do distrito de Coqueiral de Aracruz, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, provocaram pânico entre professores e alunos. Os alvos foram a escola estadual Primo Bitti e o Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), antigo colégio Darwin, escola particular do mesmo distrito que é um dos maiores do município.

Diversas ambulâncias do Samu 192 e e viaturas da Polícia Militar foram para as unidades.

As vítimas fatais foram identificadas como Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos; Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48 anos; e a estudante Selena Sagrillo Zucoloto, de 12 anos. Na tarde deste sábado (26), também foi a óbito a professora Flávia Amboss Mercon Leonardo, de 38 anos, que foi baleada durante a primeira ação do atirador na Escola Estadual Primo Bitti e estava em estado gravíssimo. A professora estava internada no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves (HEJSN), na Serra e havia passado por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos, sendo a quarta vítima fatal do atentado.

O Capitão Sérgio Alexandre, do 5º Batalhão da Polícia Militar, explicou como teria acontecido o ataque. “Ele [o suspeito] teria entrado na escola com uma pistola e vários carregadores, efetuou disparos na Escola Primo Bitti e atingiu seis pessoas. Destas, duas morreram no local”, explicou. “Depois, esse adolescente pegou um veículo Duster dourado, com as placas tampadas, seguiu para o antigo Colégio Darwin de Coqueiral de Aracruz e fez a mesma coisa: entrou nas salas efetuando disparos e atingiu cerca de cinco pessoas, e uma morte foi confirmada no local. Os feridos foram socorridos para hospitais da região”, disse o militar.

O Capitão Sérgio Alexandre ainda destacou que após o segundo ataque, o adolescente voltou para o carro e fugiu em direção à orla.

Sérgio Cassiano, da SIM FM Aracruz, conversou com uma moradora da região que chegou logo depois do ataque à escola Primo Bitti. “Na hora do recreio, um homem de capuz entrou na escola e foi para a sala dos professores e atirou contra os professores. Quando o barulho dos tiros foi ouvido, teve pânico entre as pessoas que desceram correndo e muitos tentaram pular o muro da escola. Cheguei logo depois, é uma tragédia sem precedentes”, disse Magda Barcelos, moradora de Coqueiral de Aracruz há 33 anos, professora, e que ao longo da carreira, foi diretora da unidade atacada.

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