R7/ O advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Celso Vilardi afirmou nesta quarta-feira (3) que não conhece a íntegra do processo sobre a trama golpista. “Não conheço a íntegra desse processo. Em uma instrução de menos de 15 dias, não tive como analisar o conjunto de provas, estamos falando de bilhões de documentos. A instrução começou em maio e estamos em setembro”, disse durante a sustentação oral no julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal).
Vilardi também criticou a forma pela qual as provas obtidas pela Polícia Federal foram disponibilizadas às defesas dos réus, fato que também foi questionado pela defesa do general Augusto Heleno. Além disso, a defesa de Bolsonaro pontuou a ausência de provas contra o ex-presidente, além de questionar a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens.
“O presidente, a quem represento, foi arrastado para esses fatos. Quero demonstrar cuidadosamente que, tratando da questão da violência, ele não atentou contra o Estado democrático de direito. Não existe uma única prova, nenhuma prova, que o ligue [ao plano] Punhal Verde e Amarelo, à operação Luneta ou aos eventos de 8 de Janeiro”, disse.
O advogado também defendeu que a acusação fala em “instigação” e, em outro momento, em dever de garantia. Mas, segundo a defesa, o dever de garante vai até 31 de janeiro. “A prova demonstra que os acampamentos tiveram expressiva diminuição, conforme disse o próprio ministro do Exército. Não há e-mails, comunicações ou qualquer vínculo do presidente com o 8 de janeiro, ou ações violentas. A denúncia se baseia apenas em um general que imprime uma minuta no Palácio, sem qualquer prova de participação direta. Essa é a prova?”, questionou.
Ausência de provas
No mesmo argumento, o defensor do ex-presidente questiona o que classificou como incongruência na acusação da PGR (Procuradoria-Geral da República), já que Paulo Gonet defendeu que o golpe não aconteceu pela falta de adesão da Aeronáutica e do Exército, porém, falou em “ápice do golpe” com o ataque a pessoas.
Após isso, voltou a defender a falta de provas que possam incriminar Bolsonaro. “O presidente Bolsonaro não tem absolutamente nada a ver com o envolvimento no [plano] Punhal Verde e Amarelo, Copa 22, nem absolutamente nada com o 8 de Janeiro”, disse.
Ele acrescentou que a acusação do Ministério Público seria juridicamente impossível, por se basear em pessoas e fatos indeterminados: “O Ministério Público, apesar de não falar diretamente, está acusando de uma instigação a atos para pessoas indeterminadas e para fatos criminosos indeterminados? Juridicamente, essa acusação não é possível.”
O advogado também criticou a tese de que o presidente teria criado o caos para dar um golpe. “Antes de sair do Brasil, o presidente não pediu nem promoveu ações que configurassem tudo ou nada, nem atacou instituições ou grupos. A tese da acusação é de que a criação do caos serviria a um golpe, mas os fatos mostram outra realidade: após as eleições, no início de novembro e dezembro, houve manifestações de caminhoneiros obstruindo ruas, e o presidente pediu formalmente que fossem substituídas. Aquilo seria, efetivamente, os ingredientes para parar o país, mas ele agiu para substituir e também transmitiu essa mensagem.”