Um soldado ucraniano de 27 anos, identificado como “Rasti”, relatou à agência de notícias Deutsche Welle (DW) as condições de seu cativeiro após ser capturado por forças russas em Mariupol, em 2022. Ele permaneceu detido por cerca de dois anos e meio antes de ser libertado em uma troca de prisioneiros.
Segundo o militar, durante o período de detenção, ele foi submetido a espancamentos prolongados e ao uso de armas de choque usadas para adestramento de animais.
Rasti afirmou que chegou a ser agredido por até 12 horas consecutivas, quatro delas sendo submetido a tortura de choques, e relembrou que os episódios de isolamento afetaram sua memória e percepção do tempo. “Às vezes eu esquecia o nome da minha mãe”, relatou.
O soldado também descreveu práticas impostas aos prisioneiros, como a obrigação de cantar, cerca de 160 músicas por dia, de pé. De acordo com o relato dado à DW, essas atividades ocorriam tanto sob altas temperaturas no verão quanto em estado de frio intenso no inverno. “Ficávamos em pé, cantávamos e marchávamos no mesmo lugar por horas”, relembra.
As condições de detenção de prisioneiros de guerra ucranianos pela Rússia têm sido analisadas por organismos internacionais, como o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), além de organizações de direitos humanos, que apontam possíveis violações das convenções internacionais e a ocorrência de crimes de guerra.
Rasti foi capturado durante a queda de Mariupol, em 2022, quando milhares de soldados ucranianos foram feitos prisioneiros. À época, ele integrava a Brigada Azov e permaneceu cerca de 30 meses em instalações russas destinadas à detenção de combatentes.
Após a libertação, o soldado retornou às forças ucranianas e voltou à linha de frente. Atualmente, ele atua na liderança de uma unidade de reconhecimento composta por ex-prisioneiros de guerra, formada após sua liberação.





